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Plenitude

por José, em 04.10.24

Olho para trás e vejo flores
Quintais e escadas repletas de colorido
Olho para trás e vejo rostos de mulheres
Histórias de vida e ensinamentos de idosas
Olho para trás e vejo campos de milho e centeio
Socalcos ocupados com labor
Olho para trás e vejo-me no amor de laços
Ainda que por vezes a sua expressão possa sair envergonhada
Olho para trás e não vejo arrependimento
Tenho retirado da vida lições de felicidade
Mesmo que por vezes a dor perpasse a história
E o jeito oblíquo das ausências leve a reflectir
Não vejo muitas paragens quando olho para trás
Também não deixei disputas de amor em aberto
Guardo ainda o coração nas nuvens para que possa flutuar
Para que se reinvente sem necessidade de fingir
Olho para trás e acredito na plenitude
Tenho vivido uma existência simples
Da agricultura à vida académica mas com leveza e sublimação
Mesmo que seja insuficiente dar a mão ao vento
Deixo o olhar e o peito firmes na primazia da estima

José Gomes Ferreira

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publicado às 02:48



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