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Escrevo em formato "água da fonte", mas o sentimento e posicionamento são idênticos. Pelo interior, igualmente o interior da existência e escuta do silêncio, tenho mantido alguns diálogos sobre a ruptura e o destino, isto é, sobre a crise civilizacional, com uma profunda crise de confiança Estado-sociedade e na própria confiança interpessoal. São conversas de circunstância, que também fazem falta. As redes sociais transformaram-se um escotilha, a lembrar o panótico de Bentham, em que as pessoas estão mais interessadas na expiação da vida alheia que na exposição de pontos de vista.
Não chegamos a conclusões, apenas que a principal corrosão tem visibilidade na política e na economia. O dinheiro compra tudo. Mas nem sempre é a riqueza que comanda, pode ser a falsa ideia do prestígio de determinada posição social. A crise geracional é também uma crise das instituições que outrora davam encaminhamento moral. É obviamente um contributo para a vitória do individualismo e da tentação do ego. Sem amor e sem instituições de suporte é o salve-se quem poder.
Não sendo debates enquadrados não chegam a ser diagnósticos e não trazem ideias com soluções milagrosas. Na verdade não existe soluções milagrosas, não se trata de carregar no botão e resolver tudo. Também não adianta dizer que antes é que era bom. Camuflar liberdade com obediência é chamar felicidade à pobreza.
Precisamos recuperar essa confiança perdida e trabalhar a cidadania e os vínculos institucionais. A fraternidade é estimulada na tragédia, mas depois ganha a indiferença. É necessário gerar confiança dinâmica. A poesia, a cultura de forma geral e o desporto associativo são bases para reforçar a pertença. A identidade local é o apelo ao coração, temos a base, é necessário aproveitar tudo e alargar essa dinâmica a uma visão de território e de desenvolvimento. Para tal é igualmente importante entender o que é território, que não é de todo o mapa administrativo, mas sim as pessoas na integração histórica, económica, social, climática e condições naturais características.
É um debate para continuar, em parte como aprofundamento académico e em parte como responsabilidade social e gosto pessoal. Não é um momento propício na ligação profissional, que me momento é voluntária e preciso ganhar a vida, mas é difícil ficar indiferente ao descambar sem participar no equacionar de caminhos.
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