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Gambiarra era um arranjo para dar luz
Um ligação directa na instalação
De bocal e lâmpada de verdade sem rasgar a parede
Que ligava e desligava como candeeiro
Um simbolo de pobreza com requinte
Era quase um aparato de ostentação
Os mais pobres ainda usavam a luz da candeia
Tinham o pavio fraco para poupar combustível
Eram obedientes no romantismo da atitude
Havia beleza na diluição lenta dos dias
A competição não era pelo lucro e sucesso
Havia o exagero da identidade e pertença
Poderia levar à morte na honra dos amantes
E na disputa por água, terra e madeira
Entretanto, sumiram as pulgas e os percevejos
Outrora as camas eram de palha de centeio
Retorciam o corpo e deixavam crescer todo tipo de insectos
Havia beleza expressa no cuidado
O que não impedia a marcação do corpo ao amanhecer
Mordido pelo sugar do sangue para exposição
Muita coisa se perdeu para além da memória
Perdeu-se a estética da emoção
Toda a paixão é momentânea
Até os aliados buscam apenas benefício
Também se esqueceram as dificuldades
O que motiva um saudosismo ignorante
Uma cartilha fora do alcance de quem passou necessidades
José Gomes Ferreira
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