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Nunca faltou o ritual das prendas
Mesmo que destas tivéssemos conhecimento
Não era por determinação do Pai Natal
Era uma figura desconhecida na época
Era por obra e encanto do Menino Jesus
Que sabíamos ser personificado pela minha avó
No tempo da lareira no final da noite era colocada uma bota em redor desta
Não fosse ele esquecer-se de ninguém
Com o fogão a lenha era na pranheira que se colocava a bota
Tinha sempre uma prenda, mesmo que fosse o desencanto de um mero par de meias
A minha mãe, distante e sozinha na sua viuvez, tinha sempre a preocupação de enviar algo
A felicidade era maior quando chegavam alguns chocolates
Na época o acesso não se ficava por uns tostões no supermercado
Na verdade não existiam supermercados, era na venda que tudo se comprava
Existiam duas mercearias na aldeia, depois surgiu outra
Também se recebia roupa nova para vestir no dia de Natal
Raramente surgia prendas sem utilidade quotidiana
Em um outro dia qualquer recebi um camião de brincar
A filosofia da família era que deveria ser guardado para o preservar
Nunca lhe dei uso, mas também as brincadeiras eram jogos de rua
Não necessitavam de bajular com os pertences
José Gomes Ferreira
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