Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O Outono era poderoso e colorido
Revolvia os lameiros com chuva impiedosa
Deixava lodo nos terrenos de cultivo
Limpava as ruas e ribanceiras
Criava levadas com água a correr do planalto
Que formavam pequenos ribeiros temporários que se juntavam a outros maiores
Os socalcos das encostas recebiam centeio ou cevada
Outras colheitas de sequeiro eram adequadas aos solos
A terra remexida tinha aroma a pureza
Ainda sem o gelo dos meses seguintes
A maioria do restolho transformava-se em atoleiro
A azeitona permanecia sem pressa nas oliveiras
Era apanhada a que caía no chão, não se poderia pisar ou estragar
O tempo era também de colher os últimos restos de fruta
Os últimos rabiscos de uvas, os figos restantes
Os dióspiros pintavam de cor os quintais e adoçavam a boca
Apanhavam-se também os últimos marmelos e as castanhas
José Gomes Ferreira
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.