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Nas aldeias habitam seres fantásticos, divindades escondidas no coração de gentes. Devoções de comunhão e simbologia de pertenças. Olhares franzinos com semblantes nos escaparates. Corações com o brilho da nostalgia e de laços nem sempre presentes. Mãos livres marcadas pelos calos da trajectória e audiência. Rugas de vidas circulares, muitas com voltas ao mundo, ousadas no enfrentar das dificuldades, retraidas na expressão de sentimentos. Cabelos brancos a lembrar fios de água em madrugadas estivais.
Nas aldeias habitam seres fantásticos, figuras encostadas à liberdade e à inspiração. Corpos em movimento, construções de luz suspeitas da narrativa. Livros escritos na dureza do clima e do solo. Orações pela manutenção do equilíbrio e dispensa. Rostos e teimosias ajustadas no carácter e personalidade. Cicerones orgulhosos do lugar e da simplicidade das preces. Territórios de gente que perpetua a sabedoria e se transforma em legados para a história. Mas também metamorfoses escostadas na imperfeição que romina as conversas e espreita nas janelas. Vozes e piscadelas a impor padrões e a revelar insatisfação na convergência.
José Gomes Ferreira
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