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Naquele tempo os dias corriam lentamente
E as palavras pediam permissão
Quando não eram ordens para se realizar uma tarefa
Os rios escolhiam o abraço das ribeiras
No serpentear dos pinhais que favoreciam as margens
Naquele tempo a escola era um universo deslumbrante
No desenho das letras os professores completavam a disciplina
No recreio testávamos o tímido atrevimento
Os dias pareciam movimentos da brisa rupestre
Com vozes escondidas nos alpendres a falar às andorinhas
Avós à nossa espera para engasgar a leitura numa carta chegada de França
E as ruas graníticas recebidas por rebanhos de ovelhas
Naquele tempo as mulheres lavavam a roupa no tanque
E as crianças estendiam as peças sobre os muros
Imitando as brincadeiras que lhe fugiam à idade
Naquele tempo felicidade significava pão e amparo
José Gomes Ferreira
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