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Não tem agricultores no campo
Um ou outro atravessa a mata ardida
A cinza mostra as rodas dedilhadas
Dos velhos pinheiros nem a sombra
Limito-me a palpitar a lembrança
Já não reconheço os caminhos
O fogo e o êxodo levaram os trilhos
Os bardões já não escondem a vinha
Das videiras não restam nem as cepas
A paisagem mudou nos anos de ausência
Escuto os batimentos e as classes de luz
Ligo para o que me rodeia
As montanhas têm vida
Na aldeia as ruas guardam surpresas
Tenho muitas histórias para lembrar
As minhas mãos calejadas também
Reparo no circuito das águas
E nos sons naturais da infância
No chilrear dos pássaros nas oliveiras
Tem pouca agente a ocupar as vitórias
Também não reivindicam o presente
Alguns filhos voltam na estação
O vazio deixa lágrimas no coração das mulheres
O céu resplandecente alimenta o espírito
José Gomes Ferreira
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