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Sonhamos com a vida eterna
Pelo menos na memória de quem fica
O desafio é saber como vivemos os últimos anos
E como nos reconhecem nas interacções
No equilíbrio dos pensamentos com as palavras e acções
Tem instantes em que nos repetimos
Perguntamos se o Sol já nasceu quando se põe no horizonte
Queremos saber se os outros chegaram quando não partiram
Repetimos as edições e as frases
Passamos a andar desalinhados na transição
Quem nos observa na estima parte-se-lhe o coração
A vida não é apenas um sopro
É igualmente consciência de nós
Mesmo que os dias sejam tristes ou felizes
Vivemos como moribundos quando desligamos da realidade
E não conseguimos idolatrar o nosso trajecto
Quando os dias nos transformam em móveis
Em corpos à espera de constante cuidado
Perante a interpretação do esquecimento
José Gomes Ferreira
* Felizmente encontrei a minha mãe bem para os seus 86 anos, o mesmo não acontece com uma das minhas tuas, igualmente com 86 anos. A aura de luz e vida que temos na memória é totalmente alterada, é apenas um corpo que está perante nós. No caso ainda me reconhece, mas as conversas já perderam a coerência.
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