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A revista Piauí publicou na última edição uma pequena entrevista com o filho de Milton Nascimento, também conhecido por Bituca. Sobre o filho a insistência que é adoptivo, não sei o que é que isso importa. A conversa actualizou o estado de saúde de um das grandes figuras da música brasileira, magnífico e que nos tem honrado com o seu deleite pela simplicidade e simpatia. Tem pessoas que sendo famosas ficam com o tal do "rei na barriga". Bituca continua grande na forma simples de ser.
O teor da notícia é tocante, mais ainda por experiências próximas semelhantes. O artista sofre de demência, vindo a perder as suas faculdades mentais, repetindo-se sucessivamente e deixando o corpo e a menta definharem. Também os artistas envelhecem e adoecem. Alguém desta envergadura é como se fosse praticamente da família, mais ainda quando a situação de demência soa a familiar.
Por vezes seguimos por lutas mesquinhas e não percebemos a importância dos laços e da própria lucidez da consciência. De um momento para o outro não somos nada, assim diz o povo. A demência em particular sempre foi alvo de preconceito, de representações capazes de ferirem a dignidade humana. Sempre foi descrita como estar "ché-ché", não bater bem da cabeça, ter ficado tolinho ou não jogar com o baralho todo. Somos sempre bons a fazer troça do mal alheio. Mas cada um sabe de si e do sofrimento que lhe vai alma.
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