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Até hoje nunca tive nenhuma crise a somar a idade, em particular no início de nova década. Sempre levei tudo tranquilamente, tenho vivido de forma simples, em luta e orgulho pelas conquistas, pelo que as crises de idade acabam por não acontecer. Um dos meus amigos próximos é totalmente o contrário, já partilhei com ele alguns momentos que depois dão para rir, mas que "moam o juízo" quando ocorrem.
Oficialmente, vou ser idoso no Brasil. Em Portugal esse estatuto só acontece aos 65 anos. Existe essa recomendação da Organização Mundial de Saúde para países desenvolvidos e países em desenvolvimento. No caso brasileiro será por poucos anos, pois tramita na Câmara de Deputados uma proposta para elevar para 65 anos a atribuição desse título. No país existe mesmo A Carteira do Idoso, que garante alguns benefícios aos detentores. Vale dizer que não é qualquer idoso que pode tirar a carteira. A principal limitação é que deve ter um rendimento inferior a dois salários mínimos. Tem redução de impostos municipais, desconto em eventos culturais, transporte e outros benefícios. Não foi explorar, mas pela exigência burocrática os estrangeiros acabam por estar excluídos. Na prática não é diferente do que acontece em Portugal, mas aqui com foco maior nos mais pobres.
Não terei acesso a esses benefícios, mas tem benefícios básicos com carácter universal. Em Setembro, no aeroporto de Campina Grande o funcionário insistiu que fosse pela fila preferencial. Ainda que, felizmente, esteja com óptimo aspecto para a idade não reclamei. Será sobretudo em algumas filas, de repartições, mas também de supermercado e outras, que existe vantagem. Incluindo lugares para idosos no estacionamento. Eu não conduzo, apesar de ter carta, mas pode ajudar quem vai a conduzir.
Passar dos 60 para os 65 a categoria de idoso no país é prematuro. É certo que a esperança de vida aumentou, mas a maioria das pessoas de classes populares, em particular no Nordeste, estão "acabadas", apresentam um grande desgaste em termos físicos. Alguns pelo excesso de exposição ao Sol, outros pelo sedentarismo e falta de Sol, outros pela falta de diversidade da alimentação. Quando digo que estou na casa dos 60 e me respondem que ainda só completaram 48 anos não me surpreendo. O país tem uma enorme falta de políticas nesta área, em particular de acolhimento de idosos. Em Portugal a rede de IPSS com Centros de Dia e larga fazem um trabalho notável.
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