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Crescer sem memória

por José, em 01.03.25

Não sei como será a memória das gerações futuras, e não me refiro à dependência física relativamente às tecnologias de informação, a dependência será mais ontológica, incapaz de conhecer pela memória experiências relatadas e vividas, de modo a partir daí construir narrativas do passado e projectar o futuro. E, de algum modo, a situar-se na sus geração e no curso da Humanidade. A minha geração foi abençoada não apenas pela liberdade da construção da democracia, mas também pelo reflexo que tudo isso teve no encanto do mundo e no encontro entre várias realidades, sempre com objectivo de conhecer a diversidade, escutar, dialogar e aceitar.

O que relato quotidianamente não são apenas momentos da experiência actual, são vivências e como a experiência tão rica em sociabilidades impulsiona a minha visão da vida. Não se faz sem histórias vividas, pessoas e relatos, leituras e interpretações. As redes sociais trouxeram optimismo com pontos de contacto, envolvimento e partilha de experiências. Já se viu que o algoritmo tem sido usado com outros fins. Mesmo os conteúdos divulgados são muitas vezes de pasmar. Os influenciadores que fazem uso dessa plataforma magnífica que é a Wikipédia deveriam pagar direitos de autor. Se não são influenciadores da exorbitância são novos copistas.

Na minha adolescência tinham maior destaque os vendedores de enciclopédias, as bibliotecas itinerantes da Gulbenkian, as bibliotecas das escolas e os quiosques de jornais. Sinto uma enorme felicidade por ter vivido tudo isso. Exalto a memória, mas não sou agarrado ao passado, o que me preocupa é o futuro. O que se leva nessa viagem para melhorar o génio humano, a empatia, a fraternidade e a esperança. Não é apenas um problema de valores, esses são vivos, devem enaltecer princípios fundamentais sem deixarem de ser dinâmicos e com gente dentro. O problema é a apatia, a falta de motivação que a perda da memória acarreta. Sem experiência relatada e trazida dos resultados o que nos passa a interessar é a escolha utilitária da existência. A corrida apenas para suprir as dificuldades económicas, a sequência da propaganda dogmática soprada pela comunicação social e redes. O problema não será o vazio, mas o alinhamento com o que nos dizem ser a verdade.

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publicado às 21:46



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