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Agnés Varda chamou-lhe respigadores
Recoletores dos tempos modernos e das situações
Pois catador já é um classificativo
Coloca-os à margem da dignidade
Com repúdio a quem cata para sobreviver
E com os quais se evitam ligações
Tristre representação de quem cuida da cidade
E de quem transforma o lixão no seu campo
É assim que tratamos o ambiente
Como algo à margem das pessoas
A dividir o importante e o que repugna aos luxos
Mais triste ainda é o enxutar de quem luta
Catador é um cuidador da saúde dos outros
Um preparador de materiais e da economia
É também um cuidador do planeta e da sua família
Gostamos muito de classificar para excluir
Quando nós é que vivemos nas margens
Consumimos e descartamos para imitar a felicidade
Não abraçamos com pudor ao sujo
Não sorrimos com medo de perder a compostura
Catador não é bicho do mato
É o zelador das ruas e das noites
Protector de animais e de velhas relações
Na carroça também nos transporta
Seguimos juntos para preservar e defender direitos
José Gomes Ferreira
* Tem algumas palavras não necessariamente usadas em Portugal. No nosso país quase desapareceram os catadores após a década de 1990, havia alguns sobretudo atrás do cartão. Na época as garrafas tinham devolução, era paga a tara. Tem quem cate metais para vender no ferro-velho.
A imagem é muito típica aqui na cidade. Os catadores com carroça normalmente controlam determinados pontos do centro, os comerciantes colocam o cartão e outros materiais em pontos, provavelmente, combinados. Tem também pequenos catadores, esses procuram no lixo o que pode dar dinheiro.
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