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Nasci numa casa de pedra e paredes pintadas de cal
Tinha uma cama partilhada com o meu irmão
Também dormi sobre arcas de milho e alguns alqueires de feijão
No meu baptizado colocaram electricidade
Mas cheguei a usar a luz da candeia a petróleo
O que tinha de mais moderno na casa era uma bacia de alumínio
Com ela lavava as mãos e a cara, tomava banho de balde
Havia um rádio que nos ligava ao mundo
Escutava a Ginástica matinal do Dr. Marques Pereira
Uma década depois chegou um frigorífico e mais tarde uma televisão
Tremi como varas verdes no frio de inverno, aqueci os pés à lareira
Em Dezembro o porco pendurado ocupava espaço
Depois ia para a salgadeira e para enchidos
O aroma que mais gostava era do azeite acabado de fazer
À entrada da casa havia um tapete de mato, que curtido virava estrumeira
Existe ainda uma jardineira na parede, manteve-se território de uma sardinheira
Chegaria a reconstrução do edifício, com mais um piso e cimento na entrada
Depois veio um pequeno tanque para armazenar água
Só mais tarde teve casa de banho e chegou água canalizada
José Gomes Ferreira
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