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A sesta foi transferida para o baldio
É necessário dar alimento a quem precisa
Vigio uma pequena cabra que fornece leite para a família
O animal não tem medo da estação estival
Come sem parar alguns arbustos ternos
Está ali para comer as pontas e folhas viçosas das silvas
O calor dilata a pele e faz estalar as ervas secas
Escutam-se as pinhas a cair dos pinheiros
Do eucalipto próximo soltam-se também ramos secos
Sento-me numa pedra à sombra de um pequeno sobreiro
Está demasiado calor para comer algumas amoras
As cigarras harmonizam o instante
Escondem até o movimento das borboletas
E a espera pela brisa atrapalhada na Serra
Ignoro o meu próprio receio da presença de répteis
As horas passam e não me dou conta
Sou ainda adolescente, é vagaroso o limite dos afazeres
Mais tarde contam-me que adormeci sobre o céu azul
E que mesmo assim os dias não perderam a normalidade
José Gomes Ferreira
*memórias da vida no campo
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