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Cada vez que parte um ancestral
A aldeia esvazia-se de significado
E da amplitude de histórias e relações
O livro da vida colectiva encurta-se
Bate de frente com os beirais das andorinhas
E com a lembrança das carroças sobre a calçada desgastada
Agora concorrida entre carros e tractores
Perdem-se não apenas pessoas, mas gerações e dedicação
Haverá muita forma de despedida e de reconhecimento dos lugares
Porém não teremos como expressar todos os sentimentos e vivências
Não existe o largo do Manuel Dias sem os atributos e sem as memórias
Sem as funções de fruição e encontro da população
Também não existem mais confluências
Nem representações sobre as mulheres no alvorecer
Nem sobre os homens no prolongar da noite
O progresso transforma em pó e solidão o que já foi centralidade
A força simbólica passou da pressa para a despedida
José Gomes Ferreira
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