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As ruas em que nasci

por José, em 25.03.23

Na minha rua havia uma ladeira
Uma laje perpendicular à porta dos vizinhos
Granito crónico que fazia deslizar as carroças
Uma saliência antes do escoar da urina das currais
Do lado oposto tínhamos um porco de criação
Havia outros animais também dos vizinhos
A fossa era uma pequena abertura na pedra
Rapidamente transbordava da lisura de quem circulava
A rua principal era de terra batida a engolir a vala
Por ela transitavam carroças, carros de bois e pessoas
O número de carros da aldeia contava-se pelos dedos de uma mão
Os tractores eram as grandes máquinas transformadoras
A malhadeira de centeio e cevada era o gigante das eiras
Mais tarde veio a malhadeira de milho
Vieram também as máquinas definir a calçada
O sistema de esgoto obrigou a transpor a laje de granito
Hoje o que é crónico é o tempo do esquecimento
Éramos felizes na miséria
Talvez pela ingenuidade dos desafios a enfrentar

José Gomes Ferreira

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publicado às 16:53



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