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Não se vê o que levam
E o que pretendem conquistar
Talvez a solidão os inunde
Quem sem a resistência aos factos
Será uma vida no impulso dos sonhos
E em sintonia com a ilusão
Levada no fatalismo do contrabando
Faça chuva ou faça Sol
Seja noite ou seja dia
São homens e mulheres a deambular
De rosto queimado pelo Sol e pelo azedo do alcatrão
Imagino o silêncio da noite escura
A passagem de faróis colocados em rodas de borracha
As buzinas que acordam qualquer espectador
Não desdenho a sua sorte e o que na existência os atormenta
Impressiona-me a sua ânsia em chegar
Talvez para que de novo possam partir
E só no fim do corpo desvendem o que vai na alma
Talvez sejam peregrinos deste mundo cruel
Alegre para uns e indiferente a tantos
Cruzo o meu destino com os andarilhos do Nordeste
Não se lhe define o olhar na sua busca
São reais com expressão de tempos passados
Herdeiros sem herança à procuro de fortuna
José Gomes Ferreira
* Um dos fenómenos que mais me Impressiona no Nordeste são os andarilhos que percorrem as principais estradas. Subitamente, por vezes em rectas que podem atingir dezenas dezenas de quilómetros surge um volto à beira da estrada, a maioria homens, mas também muitas mulheres. Talvez sejam sem-abrigo ou trabalhadores rurais que após cada temporada procuram trabalho em outras cidades. É um facto que o Bolsa Família pode garantir apoio às famílias, porém, muitos pobres, analfabetos e sem condições para ter documentos não tem acesso a este tipo de apoio. Sem registo no Cadastro Único estão excluídos da cidadania.
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