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Completo por estes dias 35 anos da saída da minha aldeia. Muito se tem dito sobre os processos migratórios, dentro e fora dos países. Até ao momento cumpri cerca de 25 anos na capital e o restante no estrangeiro. E não. Não como cães e gatos, apesar da minha condição de imigrante.
Permaneço com o coração e atenção na aldeia e nos laços permanentes. Na família, nos amigos, nas ruas, nas paisagens e memória. São a minha inspiração e força para superar a saudade e seguir em frente. Na terra sentimos ser esse o nosso verdadeiro berço e lar, não que outros locais não tragam encanto, mas as raízes estão sempre presentes.
De qualquer modo sair faz bem, elucida para outros mundos e para outros caminhos. Provavelmente o meu percurso não foi regular, mas dificilmente as vidas se repetem. Construí novos sonhos, construo novos sonhos a cada dia, sonhos que com abnegação, prazer, sorte nas pessoas colocadas na trajectória, empatia, coragem e crença na liberdade por construção vou alcançando gradualmente. Não cumpri os comuns de quem saiu da terra, nesse requisito continuarei na invisibilidade.
Satisfaz-me a corrida nas horas de cada dia pois estarei a partilhar a minha experiência, estarei a multiplicar o meu labor e a deixar uma herança. Procuro que seja um percurso que traga felicidade, não apenas o necessário conforto material, mas o conhecimento, as vivências e a boa influência em quem se ensina.
Parti praticamente do zero quando sai da aldeia. Tinha gosto por estudar e frequentar bibliotecas, assim como um gosto especial pelo silêncio, pela observação e imaginação. Não tinha completado o Ensino Secundário. Em 2012 defendi o doutoramento e depois iniciei uma nova etapa fora do país. Muita coisa aconteceu nesse traçado, mas o que me continua a encantar é o gosto por aprender e ensinar. Quando escuto que inspirei outras caminhadas choro por dentro de felicidade. Lembro sobretudo do meu pai e da minha avó e avô, no quanto se poderiam orgulhar dessa sua dedicação em me educar para a vida.
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