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Natureza futura

por José, em 06.03.25

A natureza seguirá sempre em paz
Apesar das disputas e opções
Da corrupção e teor desajeitado
Das convulsões e arrependimentos
E mesmo das guerras e barbárie
O Sol será sempre o Sol que ilumina
O céu despertará de cor e audácia
Os rios vão continuar a correr
Os planetas respeitam o equilíbrio do cosmos
Apesar dos desamores e frustrações
Da ansiedade e do medo
Da competição e do consumo
Os dias vão continuar a repetir-se
Mesmo que as estações do ano flutuem
Do solo brotará vida e alimento
As árvores continuam a dar frutos e madeira
A natureza não perderá o seu curso
A ameaça é a Humanidade em colapso
Tudo que não é gente prosperará
Mesmo que as paisagens percam beleza por ausência da mão humana

José Gomes Ferreira

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publicado às 11:06

Intolerância

por José, em 06.03.25

Sou afoito a dogmas e obediência crónica
Venero a natureza e o poder da Humanidade
Tudo mais aceito na vocação dos outros
E contribuo para a ritualização das tradições
Apesar disso as pressões são constantes
Tal como a dúvida sistêmica da descrença
Tal o tamanho do amanhecer
E o questionar do erro por escolha
Podemos estar perfeitamente convictos
Sempre desacreditam a leitura que não convém
A intolerância é a maior inimiga da paz e do respeito
Pouco me importa a religião, a posição política, a raça ou o género
Aprecio o brilho e encanto das pessoas
Tudo mais são linhas de um catálogo para definir divergências

José Gomes Ferreira

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publicado às 01:05

Ao contrário do que afirmam Milei e Trump o futuro está na cooperação e no multilateralismo. O inimigo não é a busca da paz e uma agenda global. Essa é a saída numa sociedade marcada pela complexidade e incerteza. O perigo está no anarquismo de estado para proveito dos próprios. Não é novidade que o multilateralismo já apresentava dificuldades, designadamente quanto à representatividade, financiamento, peso da máquina burocrática, corrupção e outros. Mas o desafio estava em enfrentar esses problemas, bater com a porta vai custar décadas de esforço. Os EUA podem queixar-se de contribuírem mais, mas também fazem parte dos "cinco magníficos" com mordomias extras no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Por favor, alguém avisa o sr Trump que o redesenho da ONU, do Banco Mundial e agências similares constituirá uma derrota imediata para os EUA, desde logo por deixarem de ter as sedes no país. Quanto ao sr Milei ainda não percebeu, mas não é o único na América Latina, que somente com um Mercosul forte a região se poderá destacar. Não acredito muito nos BRICS. Podem até surpreender, mas o Brasil e a Argentina precisam cooperar para construir um futuro melhor na região, agregando com os outros países. A dispersão por novas agências nunca deu bom resultado.

A resposta está no multilateralismo dinâmico e representativo, não em políticos que, como diz o povo, "gostam de cagar alto". A disputa de ódios e desmonte de instituições até parece ser uma revolução capaz de mudar de paradigma, mas feita para sugar o sangue vai destruir o edificado e gerar novos antagonismos. Precisamos de caminhos para a paz, não de novos mercadores de armas e terras cobiçadas.

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publicado às 23:20

Nocturnos

por José, em 04.03.25

Chega a noite e a lembrança
O caminho percorrido
O olhar pleno sobre a passagem
Os desencontros que nos marcam
Andam anjos a pintar as estrelas
Como dogmas a alertar a natureza
O brilho vem do consolo
A fraqueza é vista no entendimento
Chega a noite e a garganta fica seca
Mesmo sem o diálogo apressado
Apenas daquilo que fica por dizer
Da saudade suprema das escolhas
A escuridão lembra arrependimento
Mas não tem arrependimento quando se luta
Somente o amor provoca contracções
Espasmos de memória e soberba
A noite é soberana na reconciliação
Alimenta-se também dos sonhos a realizar
Consome-se de desejo para quem adivinha
E de justiça para quem descobre a empatia
A noite não chega a ser uma criança
Nasce como mulher madura no encanto da alma
Depois abraça a horizontalidade das paixões
A noite não é apenas um devaneio dos amantes
É a pausa que ajuda a melhorar as sequências

José Gomes Ferreira

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publicado às 21:57

Inquietações

por José, em 04.03.25

A inteligência não é apenas um conceito abstracto
Marcado pela subjectividade do avaliador
O domínio da comunicação define as hierarquias de poder
Os activos financeiros e políticos identificam quem manda
O saber não é mais inteligência
É um cripto-activo poderoso
Quem domina a linguagem cibernética e a disseminação de informação controla o mundo
Um líder já não precisa conhecer os temas que aborda
Nem de mostrar empatia por ninguém
O poder está no direcionamento da mensagem
A bestialidade mostra o controle do aparato
A soberba é um exercício de propaganda para máquinas obedientes
Pensar em liberdade é acender as chamas do inferno

José Gomes Ferreira

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publicado às 21:28

Êxodo carnavalesco

por José, em 03.03.25

A cidade consome-se sozinha
Deixada na solidão dos festejos
Dividida entre a espuma e o sonho
Resguardada na rente areia fina
Somente o Sol se apresentou
Tórrido e fermentado nas horas
Visceral no tingir da pele
Magnífico na corrida dos lagartos
Imponente no rasgar das cores do céu
Também na noite a cidade está expectante
Guarnecida de silêncio absoluto
Vazia nas próprias entranhas
Não se escuta nem uma mosca
Os vizinhos não dão sinal de vida
O Carnaval terá assustado a reunião
A cidade mergulha em transe
Reflecte sobre o futuro incerto
Fantasiada de Deusa e escolhida mulher

José Gomes Ferreira

* Esqueci que por aqui segunda-feira de Carnaval é feriado e está tudo fechado. Tentei ir ao supermercado, o único vizinho com o qual me cruzei avisou-me que estaria encerrado. Saí de casa igualmente para caminhar, pelo que uns 3 kms mais adiante e estava na praia de Ponta Negra, local onde se poderiam ver alguns turistas e caminhantes. De resto cruzei com poucas pessoas, apenas um grupo do que chamamos cantoneiros a cortar as ervas à beira da Avenida. Mas, tudo indica, só estariam pela manhã. Quando passei por eles chegou uma pessoa vestida com outras cores, a identificar a empresa municipal, a dizer que tinha boas notícias. Acredito que durante a tarde na praia, nesse bairro e outros tenha havido festejos. Aqui pelo bairro, que até é central, reinou o silêncio. Muito provavelmente algumas pessoas foram para outras cidades. O facto das aulas da universidade somente iniciarem para a semana explica parte.

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publicado às 22:17

A primeira é sobre o estado de saúde do Papa. Faço votos para que melhor, mas a expectativa é baixa. O que não se entende é o facto de Francisco não resignar. Queria reformar a Igreja, mas no básico nada mudou. Em particular a Igreja católica baseia os rituais de fé na ideia de sofrimento. Outras Igrejas celebram a felicidade da fé, em particular as não cristãs, ainda que a Reforma tenha trazido outros rituais. Muitos dos símbolos e práticas são baseadas nessa perspectiva. Talvez por quererem reproduzir o sofrimento de Cristo ao extremo. Por exemplo, os budistas celebram o equilíbrio interior e exterior. Procuram alcançar a plenitude, não andam atrás do perdão e da culpa. Lembrando o livro seminal de Max Weber "A ética protestante e o espírito do capitalismo" e como o protestante procura a salvação na terra através de actos, designadamente criando riqueza para gerar mais riqueza. A história mostra que os judeus agem da mesma forma. Enfim, não se entende a exposição do sofrimento. A vontade de levar o cargo até ao fim da vida. E estranhamente, apesar de muito debilitado, continua a trabalhar. Que é estranho é.
A outra nota vai para a situação política em Portugal. Costa por menos foi demitido, o que também prova que fez tudo para deixar o cargo, tinha um tacho melhor. Sobre Montenegro, obviamente que está a ser alvo de perseguição, mas também revela que ou ingénuo ou quer fazer dos portugueses parvos. O caso da denúncia da criação, pelo filho, de uma hipotética empresa de produção de insectos para alimentação, revela que anda a ser escrutinado por alguém que se arma em polícia, só não percebeu que era um trabalho final de curso. Passar a empresa para os filhos ou para a mulher é tudo uma trapalhada. Mas a grande questão não é essa. Os políticos são pessoas como nós, têm negócios como outra pessoa qualquer, o problema não está aí, mas na definição de conflito de interesses. Passar a empresa para a mulher ou filhos mostra que quer acabar com o conflito de interesses? Claro que não, só não é titular, continuará próximo da empresa. É preocupante a empresa receber 4.500 euros em serviços de um casino? Claro que não. O que traz transparência aos processos é saber se interviu nos processos de decisão, se existem jogos de influência e se daí retira vantagem. Nesse aspecto, talvez o perdão do IMI seja mais preocupante, na medida em que tirou vantagem da proximidade de quem decidiu. Vamos ver o desfecho de tudo isso. O PCP parece ser o seu aliado do momento, mas o governo fica frágil e o mais tardar na votação do próximo orçamento cai.

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publicado às 19:57

Raspar o ego

por José, em 03.03.25

O confronto obscurece a sabedoria
Quando o argumento deixa de ser interpretado
E ganha a voracidade da disputa
Passa a valer a força bruta da posição
Que nem sempre domina nos palcos
Fazer má figura é o resultado da altercação
Quem assim age rapidamente perde a razão
Admirar tal bestialidade é um sintoma de doença mental
De desajuste face aos valores sociais
Podemos achar graça na primeira ocorrência
A partir da segunda deveremos estabelecer limites
Sair sorrateiramente nada resolve
Adia a permissão para a insolência
Precisamos de Humanidade nas lideranças
E não de raspar o ego no sacrifício do povo

José Gomes Ferreira

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publicado às 01:23

Trato

por José, em 02.03.25

Tratam-me por senhor
Na idade grisalha da esperança
Ainda adicionam professor
Não vá haver qualquer diferença

Tratam-me por simpatia
E com toda a admiração
Mesmo eu sofrendo de miopia
E a arritmia afectar o coração

Agradeço as mordomias
O respeito na reverência à idade
Continuo a lutar por utopias
Não vá o trato ocultar a verdade

O que sinto é gratidão
Com tantos gestos de cortesia
Aprecio tanto a afeição
Que redobro a voz na poesia

José Gomes Ferreira

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publicado às 21:54

Tabus democráticos

por José, em 02.03.25

Os tempos são agora outros
Os velhos valores não voltam
Nem eram como as narrativas que os idolatram
Salvam-se os imperativos categóricos
A compaixão sempre foi pedida aos mais vulneráveis
Era pedido para serem felizes e obedientes
Os instrumentos de comando e controle impunham valores
Ao mesmo tempo eram discriminatórios
E com posição hierárquica e género definida
Pagar com a vida a liberdade de expressão nunca deve merecer o nosso apoio
Impor restrições e papéis às mulheres não dignifica ninguém
Não fossem os tabus democráticos estes assuntos eram sérios
Não haveriam idiotas a querer o regresso ao passado

José Gomes Ferreira

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publicado às 21:36

Andamentos

por José, em 02.03.25

Tenho sempre pressa para amar
Não tenho pressa para vencer
Pois o amor é um sopro
Uma oportunidade a que o coração se dá
E se encontra fora das paixões imaginadas
Representa a força do destino sobre as ínfimas hipóteses
O que não se disser e fizer no instante será apenas arrependimento
Já vencer é uma conquista de objectivos
As escolhas gerais que planeamos viver
E a consolidação do percurso trilhado
Segue a ligeireza do tempo
Apresenta modulações em face das opções
Podendo ter avanços e recuos
E possibilidades para seguir um novo caminho

José Gomes Ferreira

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publicado às 15:44

Crescer sem memória

por José, em 01.03.25

Não sei como será a memória das gerações futuras, e não me refiro à dependência física relativamente às tecnologias de informação, a dependência será mais ontológica, incapaz de conhecer pela memória experiências relatadas e vividas, de modo a partir daí construir narrativas do passado e projectar o futuro. E, de algum modo, a situar-se na sus geração e no curso da Humanidade. A minha geração foi abençoada não apenas pela liberdade da construção da democracia, mas também pelo reflexo que tudo isso teve no encanto do mundo e no encontro entre várias realidades, sempre com objectivo de conhecer a diversidade, escutar, dialogar e aceitar.

O que relato quotidianamente não são apenas momentos da experiência actual, são vivências e como a experiência tão rica em sociabilidades impulsiona a minha visão da vida. Não se faz sem histórias vividas, pessoas e relatos, leituras e interpretações. As redes sociais trouxeram optimismo com pontos de contacto, envolvimento e partilha de experiências. Já se viu que o algoritmo tem sido usado com outros fins. Mesmo os conteúdos divulgados são muitas vezes de pasmar. Os influenciadores que fazem uso dessa plataforma magnífica que é a Wikipédia deveriam pagar direitos de autor. Se não são influenciadores da exorbitância são novos copistas.

Na minha adolescência tinham maior destaque os vendedores de enciclopédias, as bibliotecas itinerantes da Gulbenkian, as bibliotecas das escolas e os quiosques de jornais. Sinto uma enorme felicidade por ter vivido tudo isso. Exalto a memória, mas não sou agarrado ao passado, o que me preocupa é o futuro. O que se leva nessa viagem para melhorar o génio humano, a empatia, a fraternidade e a esperança. Não é apenas um problema de valores, esses são vivos, devem enaltecer princípios fundamentais sem deixarem de ser dinâmicos e com gente dentro. O problema é a apatia, a falta de motivação que a perda da memória acarreta. Sem experiência relatada e trazida dos resultados o que nos passa a interessar é a escolha utilitária da existência. A corrida apenas para suprir as dificuldades económicas, a sequência da propaganda dogmática soprada pela comunicação social e redes. O problema não será o vazio, mas o alinhamento com o que nos dizem ser a verdade.

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publicado às 21:46

Os meus amores

por José, em 01.03.25

Tenho um amor na memória
Tenho no corpo um arrepio
Desse amor nunca escrevi a história
No corpo o que mais custa é o frio

Tenho um amor na imaginação
Escolhido entre as carícias
Não se mostra numa relação
Nem chega à noite de núpcias

Tenho um amor selecionado
Descrito pelo próprio coração
Chega a estar em todo lado
Mostra-se com toda a satisfação

Tenho um amor para o futuro
Que me preenche a consciência
Mostra que sou um homem maduro
E que o sentimento não é incompatível com ciência

José Gomes Ferreira

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publicado às 18:22

Humilhação do mundo

por José, em 01.03.25

Dignidade e humilhação não seguem a par
Confrontam-se em labirintos
Expõem-se em círculos de requinte
Medem forças em actos públicos
Chamam a si toda a matilha com raiva
Querem saber como estão a ser aceites
Chamam a isso liderança firme
Tem quem escolha narrar como determinação
A realidade não passa por mostrar como os cães se masturbam
O povo confunde firmeza na linguagem delirante com poder transformador
Diz da brutalidade que determinado fulano tem os "tomates no sítio"
Quando as grandes mudanças exigem escuta, tempo, respeito e planeamento
A Humanidade está a seguir um caminho perigoso
Chegamos a defender os errantes
Parecem ingénuos ao lado das bestas materiais da história
Ninguém tem razão quando quer usurpar a liberdade
Não existe paz por caridade
Exigem obter riquezas em contexto de debilidade
Triste destino o do imperialismo dos espectadores
Que no comodismo da luta preferem aplaudir a morte à defesa da dignidade

José Gomes Ferreira

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publicado às 00:13

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