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Nos balanços da vida
O que nos deixa vivos
É o que está do nosso lado
Eleva montanhas e ternura
Havendo calma e prossecução
As faces tocadas
Lado a lado quase no paraíso
Nos encantos da luta
Até o silêncio se surpreende
Ainda que o amor espere
E se deixe para mais tarde
A pressa é para os aflitos
Os outros respondem com ternura
Na espiral do corpo e da carne
A vigília que nos ocorre
O abraço que nos afaga
A complexidade dos anos
No suor do rosto
E das alegrias infinitas
A melhor posição é a do mistério
A certeza de que tudo é novo
Tudo é aprendizagem na paixão
Quando consideramos que nada é dado
É dádiva e gratidão
E mesmo os pormenores são para reter
Tem mais que instantes no percurso
Quando a fraternidade é luz
E agradecemos mesmo a estranhos
Por tudo o que se lê e escuta
Na honra da vida cúmplice
O que nos salva é a fraternidade
O caminho cruzado com laços
Feito na mestria da humildade
E nos projectos que a cada dia se refazem
Os solavancos são etapas
Acontecimentos surpresa
Fases sem feição
Escolher a paz é a sugestão
Acreditar é o rumo certo
Nada é dado por imitação
Precisamos de calor e brilho
De um cupido que acerte
E de viajar para além dos quilómetros
José Gomes Ferreira
Somam-se os votos
Os céus abrem-se ao colorido
A esperança renasce
Fechamos os olhos
O desejo do Novo Ano é mais forte
Recordamos todos
Queremos que todos sigam
É um novo ciclo
O novo encanto na existência
Pedimos saúde e sorte
A felicidade que queremos redobrar
O sabor doce dos abraços
O carinho dos beijos prometidos
Feliz 2025, que traga consciência
Vontade de vencer e coragem
Tudo o que a alegria contemple
E as circunstâncias reforcem
Para além da paz das promessas
Que seja um ano de conquistas
José Gomes Ferreira
Devo ter o meu coração explicado
E motivado a aceitar o silêncio e a bondade
Devo ter aprendido a escutar
A sintonizar a simpatia
A não repetir onde vou
Não peço para mim a razão
Nem o amor constante
Por dentro de toda a origem
E na imensidão das memórias
Receio toda a trajectória da lucidez
Só compreendo quando sigo
O que passou fica onde está
Mesmo na doce ilusão de existir
Deixo os sentidos atentos
Ainda hoje fico de boca aberta
Não tenho segredos
O que ainda não vivi é louca paixão
Está ainda disposta ao futuro
O braço de calma acumula a tradição
Aceito toda a nobre ideia de sonho
O corpo destampa a alma
E eu limito-me a contemplar-te
No jeito das palavras que herdei da luz
José Gomes Ferreira
Não tenho palpitar de santo
Nas concordâncias da vida
Não finjo ou escuto vozes
Multiplico sem destino o vivido
Dou graças a tudo e saúdo-te
Se tens um coração que canta
Agora que estou livre, quero chamar-te
Deixo a sintonia acontecer
Os teus lábios são figuras distantes
Os teus beijos são esquecimento
Os teus seios são carinho
As minhas mãos são pensamento
O meu rosto é boémio nas tentativas
Vive para para te desejar
Não te obriga a responder aos acenos
Os lábios são suficientes na melodia
Não tem adeus que não chore
Nem reencontro que não se encante
O amor é perverso na execução
Respeita-o em toda a plenitude
José Gomes Ferreira
O som da natureza não é fantasia
Nem alucinação
Produto embalado e sortido
Corrida à inteligência artificial
O som da natureza é o som dos sentidos
O redobrar do coração sobre a sensibilidade
É o som dos passos sobre os cristais
O canto dos pássaros no percorrer do horizonte
A água a correr na ribeira
Os galhos a quebrar das árvores
O sopro do vento rasgado na várzea
O som da natureza é puro
É o próprio silêncio da imaginação
O crescer das flores no meu quintal
A cantiga das cigarras
A fuga intrépida das crias das raposas
O som da natureza é a verdade rejeitada
A curiosidade que tememos na voz dos outros
É o poder de transformação sem fronteiras
Tranquilidade, absoluta espiritualidade e delírio
O som da natureza é a oração da Humanidade
José Gomes Ferreira
Tenho observado o que quero
Deixo fora do prato a impressão
A comichão do impulso
A irritação pela injustiça
Respiro fundo e peço paz
O mundo não tem volta na transição
Eu necessito de paz para ser feliz
Não varro os problemas para os ocultar
Prefiro deixar-me cativar pelo reencontro
Não esqueço disputas e ingratidão
Só não sigo a saliva apontada ao vento
O remoer não me aproxima da lareira
Nem o calor é suficiente para as ideias
Venero o equilíbrio e o todo sobre as partes
Agito mesmo as interpretações
Apenas fecho os olhos e entrego os pontos
Receio sempre que um dia a natureza decida os laços
E quebre novas oportunidades de criar memórias
Não me calo, nunca me calo quando me retiram energia
Não uso rancor ou ataco pelos flancos
Deixo-me na simplicidade dos dias
Quero tanto a harmonia no vacilar dos territórios
José Gomes Ferreira
A luta que perdura não admite desistências
Apesar do ritmo e do contraste
Apesar do rosto disperso e limpo
Sacudido de suor, lágrimas e ausências
A força que se perpetua é a da dificuldade
E do gosto supremo pela obra
Não tem motivação sem metas
Plataformas vazias não recolhem passageiros
Precisamos partir do lado cômodo
Dar a volta mesmo sem sair de lugar
Precisamos de desafios auto-impostos
Raios de luz e ser
Amor próprio, virtudes e sentimentos
A realização não é a cara de ninguém
É o caminho aberto e a persistência
Traçam muitos rumos da nossa vida
Sobre a diversão pendular do argumento
O passo a passo é nosso
Assim como o rosto que sucumbe e se ergue
Se erramos precisamos de redobrar a motivação
Se o destino falha precisamos mais do que apelos
E de vozes a traçar juízos
Tantas vezes seguimos solitários com a força da saudade
E o remoer da letargia da memória
Ter êxito só é fácil para quem não tem objectivos
Em nós é orgulho de rebolar para além das intenções
José Gomes Ferreira
São tantas as memórias da mata e dos socalcos
Os caminhos abrem-se para a visita da multidão
São trilhos presentes com muitas alegrias em memória
O fogo levou os pinheiros e os carvalhos
Os lameiros mostram uma camada de geada
Corre água fresca nas ribeiras
O grupo de caminhantes estende-se entre curvas e rectas
O Sol afasta o frio matinal
Esmaga-se o stress a cada passo
Lembra uma peregrinação de devotos
O trunfo é saber onde colocar os pés
E moderar o esforço nas subidas e descidas
A luz empresta brilho aos rostos
Felizes lançam-se na etapa
Rigorosos cumprimentam-se na cortesia
Incandescentes trocam palavras de Boas Festas
José Gomes Ferreira
Não tem agricultores no campo
Um ou outro atravessa a mata ardida
A cinza mostra as rodas dedilhadas
Dos velhos pinheiros nem a sombra
Limito-me a palpitar a lembrança
Já não reconheço os caminhos
O fogo e o êxodo levaram os trilhos
Os bardões já não escondem a vinha
Das videiras não restam nem as cepas
A paisagem mudou nos anos de ausência
Escuto os batimentos e as classes de luz
Ligo para o que me rodeia
As montanhas têm vida
Na aldeia as ruas guardam surpresas
Tenho muitas histórias para lembrar
As minhas mãos calejadas também
Reparo no circuito das águas
E nos sons naturais da infância
No chilrear dos pássaros nas oliveiras
Tem pouca agente a ocupar as vitórias
Também não reivindicam o presente
Alguns filhos voltam na estação
O vazio deixa lágrimas no coração das mulheres
O céu resplandecente alimenta o espírito
José Gomes Ferreira
A névoa cobre as margens do rio
E sobe a encosta como lenço branco
Envolvente como laço de ternura
Como abraço forte e presente
Faço as pazes com o horizonte
E com o olhar calmo do Inverno
Serras e rio transparecem em vénia
O meu rosto brilha em agradecimento
Quero tanto apertar os sentidos
Dizer a quem revejo que estou por cá
Ainda não cruzei os caminhos
Aqueles em que se marca a passagem no pó
E se escuta o esvoaçar dos pensamentos
Como palavras ditas no respirar profundo
O semblante dos elementos é belo
A luz da manhã arrasta também aromas
Memórias de gente que partilho
Cores de todos os lugares a que chego
Saudade é também reviver os instantes
Refazer as representações e as vivências
José Gomes Ferreira
O frio atravessa as frestas das ideias
E deixa o sangue colado às paredes
Mexo-me e remexo-me nas latitudes
Fricciono as moléculas nos altares
Procuro a convergência com o conforto
Não tem interlocutores suficientes
Apesar dos alertas e emergências
O corpo não vive mais o hábito das estações
Por isso treme no arrepio da nortada
Escuta os dentes a bater e o coração surpreso
A saudade imaginava a penitência
Porém, o valor do reencontro sobrepunha-se
O anteriormente vivido é passado
O que conta é a materialidade térmica da vontade
E o disfarce com o aconchego dos tecidos
Durante o dia mostro-me às vertigens da luz
Pela noite recolho-me de olhar escondido
Meto a cabeça entre juízos
O vento deixa as mãos ásperas e sem certezas
Os dias breves encaram a penitência da espera
Não tem ambição na necessidade de sossego
José Gomes Ferreira
Os caminhos abertos despertam tentações
Divergindo no espectro de intenções
E na realização das ideias e imaginação
Nem todas as marcas são iguais
Nem o correr no espírito de sobrevivência
E no ensaiar da sabedoria
Enquanto uns querem viver a paz sublime
Outras escolhem a usurpação do território
Existem estratégias e planos diferentes
De nada vale a culpa e o castigo
A solução pode estar apenas em nós
Mesmo que se experimente a solidão do corpo
Junto à ausência do prazer e luxúria
Tem reservas em nós que lastimamos
Quando o brilho da realização nos supera
Precisamos ver para além do instante
As imagens de alegria são as que nos empurram para bons pensamentos
Precisamos tremer de êxtase e fantasia
Sem achar que estamos a sair da normalidade
Pouco importa o que pensam de nós
Se não escorregamos nos padrões do hábito
José Gomes Ferreira
O amor tudo quer
É ganancioso no seu encanto
Exige entrega completa
Não se fica por dúvidas
É incapaz de aceitar metades
Nesses casos recebe outros nomes
Todo amor completo exige reciprocidade
Olhos nos olhos, quotidiano no quotidiano
Repressão ao alheio
Cegueira para outras virtudes e desejos
Chega a ser incapacitante
É pleno na voz do poeta
É perfeito na nomenclatura do sonho
Tem amores especiais
Perpétuos na intensidade e cumplicidade
Singelos na sua expressão pública
Escolhidos no recato do exemplo
O amor tudo quer e tudo pode
Na celebração que alcança da beleza
No ensaio que deixa na narrativa
Na aceitação que faz da felicidade
José Gomes Ferreira
O Sol enche repleto a esperança
Pintando o dia de azul, brilho e névoa
O silêncio absorve o espírito
A amálgama de querer sem julgar
Tem ruídos no horizonte perpendicular
O que o olhos observam é a natureza
O suporte primário de paz
Fora isso são os laços e a identidade
O frio não retira qualquer disposição
Escutam-se alguns vizinhos no périplo
Desta vez é a realidade que soma
Não são necessárias paredes
Nem enxergar para além do oceano
O vento sopra com a traição da nortada
Suave, mas capaz de gelar o conforto
Não se escutam mais as carroças
Apenas o latido esculpido dos cães
A Serra enche o amor de futuro
O coração mostra os aromas da capacidade
No quintal as plantas deixam o verde sobrepor-se
José Gomes Ferreira
Por longos instantes parece que tudo acaba ali
E a chegada não acontece plena
Tal a vontade de reencontro
Longa se torna a espera quando o coração bate
Vamos para muitos lugares, mas a nossa terra está sempre primeiro
Assim como os nossos de sangue e afecto
A distância é uma das maiores privações
São estes regressos que nos dão força
Ainda que nem tudo seja luz e rosas
Até a Serra nos espera no seu encanto
E toda a paisagem se mostre repleta de respeito e encanto
Conhecer mundo é belo e traz felicidade
Mas é preciso encher o peito de ar
É necessário deixar longe os porquês
E viver o momento que foi o primeiro
Mesmo que o frio atravesse a ponta das ideias
E as escolhas desordenadas relembrem citações
O que importa é abrir os olhos e admirar o Sol e as flores
Os rostos doces da inquietude da idade
O que importa é redescobrir o desejo
Escolher os caminhos que arrastam os pés
E massajam o espírito de carícias
José Gomes Ferreira
O que de puro existe em nós constrói-se no coração
Anda longe do arremesso e da disputa
Solta-se no silêncio da paz e melodia da existência
É espelho de água a correr na palma da mão
Paisagem de saudade, nostalgia e futuro
É memória e amor singelo
Gratidão completa da reciprocidade
O que de puro existe em nós é seiva
Sangue que pulsa nos laços e interacção
É canção trauteada na frescura das manhãs
É jardim e corrimão que ampara
O que de puro existe em luz é liberdade
Escolha da imaginação e do vivido
Reverência ao outro e ao Universo
É construção a partir do movimento perpétuo da Humanidade
O que de puro existe em nós é a influência do próprio cosmos
A imensidão do ser, da Natureza e toda a evolução
José Gomes Ferreira
Peço pouco para o Natal
Quanto menos utopias mais verdade
Espero reencontrar bem a família,
Os amigos e os vizinhos
Espero recuperar a alegria das vivências
Para todos desejo o melhor
Natal significa renascer na metamorfose da vida
As pessoas necessitam recuperar a sua magia
Sorrir sem ter pressa e encantar-se com o outro
Peço saúde, paz e convergência
Peço bom senso aos pensamentos
Peço que os votos se transformem em realidade
Peço que o Natal não seja esquecimento
Peço abraços em vezes de guerras
Peço risos em vez de maus olhados
Peço amor em vez de barriga cheia
Peço luz, esperança e alegria
Peço tudo o que estiver ao nosso alcance
José Gomes Ferreira
O tempo leva a memória
Divide a própria côdea de pão
Ser feliz é uma vitória
Mais ainda se for de coração
Também eu já fui menino
Acreditei em sonhos a realizar
Ainda hoje sou pequenino
Gigante é o tamanho do mar
Escuto o sino lá da aldeia
Quando toca em dia de festa
A presença não me foge da ideia
Ouço-o nos caminhos da Infesta
Ando por muitos lugares
Todos aqueles em que morei
Para os outros são muito vulgares
Por todos eles me enamorei
Se todos os enlaces são perfeitos
Aguardo que se proceda ao reencontro
Abdico de definir os conceitos
O que importa é o que sentimos por dentro
José Gomes Ferreira
Estou bastante confuso
Com o espírito do Natal
Quem sabe falta-me algum parafuso
Estarei a confundir com o Carnaval
O Menino Jesus desapareceu
Foi substituído por um velho barrigudo
A dúvida é se foi no Natal que nasceu
Ou o tal de Pai Natal evoca o entrudo
O pior de tudo são os ateus
Que religiosamente celebram o dia
Adoram as festas e rejeitam Deus
Completam a descabida heresia
Sem esquecer a fé dos partidos
Que na propaganda prometem prendas no sapatinho
O povo fica feliz com chocolates sortidos
Mas já é uma sorte ter bacalhau e vinho
Em tudo isto é o comércio que se arregala
E como tudo é apenas uma passagem
Meio mundo prepara-se para fazer a mala
E o outro meio anda a ver se recebe alguma mensagem
Falam em paz, saúde e prosperidade
Mas a guerra nunca dá tréguas
Será que as pessoas falam de verdade
Ou querem é o banho nas frias águas
José Gomes Ferreira
Já andei de pés descalços
Com a honra de fora
Por ser alto não usei calços
Por ser pobre vim embora
Já andei de calças rotas
E com a barriga exposta
Fui para alguns um borra-botas
Mas nunca lhe dei resposta
Vivi o suficiente para escutar
E com as leituras aprender
Não tenho deixado de lutar
Difícil é fazer-me compreender
Não nasci em berço de ouro
Mas também não fiz disso drama
O esforço tem-me saído do couro
Pouco importa a boa fama
Cultivei muito milho e batata
Rachei lenha e cavei terra
Cresci com gente humilde e sensata
Gravei belas imagens da Serra
Entretanto tenho corrido mundo
Em visitas de estudo e lazer
Sei que o mais importante é no fundo
Levar-se a vida com leveza e prazer
Digo sempre que também aprendo
Em tudo o que de novo for ensinar
Pois é a escutar que melhor entendo
A reciprocidade é um caminho subliminar
José Gomes Ferreira
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