Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Deixem a minha loucura descansar
E a minha imaginação solta
Se guardo a vida para trabalhar
Sei que as oportunidades não têm volta
Não quero com isto me prender
No exercício tão banal da carreira
Gosto a cada dia de me surpreender
Mesmo vivendo à minha maneira
Sigam com a vossa ostentação
E a vossa forma de mostrar
Não tenho nada para exibição
Se o objectivo não for cativar
Prefiro o descanso moral
E o prazer do deleite
A untar o corpo com sal
Somente para ser aceite
José Gomes Ferreira
Sou nas ruas passageiro
Como vento que sopra
E luz que aquece e ilumina
Sou na vida uma oportunidade
Uma história entre os mortais
Num corpo em trânsito e amor
Sou também coragem e esperança
Não fecho a porta ao passado
Ligo-me de porta aberta ao futuro
Simbolizo uma geração
A transição entre os dias suaves
E anos longos na mudança
Para uma geração mecânica
Que abdica da memória
E ri das grandes causas
Para se expor ao vazio dos aparelhos
Sou na civilização um ponto ínfimo
Uma finita existência exposta à glória
Teimosia por ter vontade e escolha
Silêncio comprometido com argumento
José Gomes Ferreira
Custa-me tudo isto no culto aos mortos
Halloween é a festa da fanfarra e do traje
O dispersar da atenção para o comércio
Já o Dia de Todos os Santos é a auto-promoção da Igreja
A inversão de valores institucionalizada
E que torna invisível o Dia dos Finados
De tal modo que ignoro essa procissão
Celebro os ancestrais com reverência
Com o peito repleto de orgulho e saudade
Celebro-os em silêncio e diálogo
Representam o que é efectivamente sagrado
O traço e a história vivida
A memória para além da narrativa e da lembrança
Venero o seu legado e a minha representação
É a única forma de sentir que teriam orgulho em mim
José Gomes Ferreira
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.