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Galanteio

por José, em 31.08.24

O galanteio não precisa agarrar-se a segundas intenções
E nem sempre é desagradável quando se escuta
Pode resultar de digna simpatia
E ser verdadeiro para cumprir a ocasião
Ontem elogiaram-me e cresci um pouco
Foi uma mulher casada ao lado do marido
Agiu por honras ao primeiro contacto tido
O marido é um colega por qual nutro respeito mútuo
A reacção aconteceu após um acto público e um jantar restrito
Gosto de chegar às pessoas sem pedras na mão
E com a humildade que a ciência também me merece
A elegância das minhas palavras é de gratidão pelo caminho percorrido
Vivo no silêncio de quem se protege
Mas expresso a paixão e delicadeza das horas felizes

José Gomes Ferreira

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publicado às 22:43

Prova de vida

por José, em 31.08.24

Nem tudo será para exibição
Menos ainda por simples desabafo
Em certos momentos, algumas pessoas parecem querer reforçar que estão activas e lúcidas
Dão-nos conta da sua rede de relações, articulações e destaque pessoal
Colocam-se na sua vida familiar
Mostram que podem ajudar em várias situações
Podendo ser interlocutoras de um negócio e da nossa felicidade
É frequente esta constatação
E é nos idosos que se encontra mais essa exigência pessoal em encontrar um sentido útil
Reforçando que velhos são os trapos
E que nessa fase da vida não se limitam a receber a reforma
A passagem da vida activa para o descanso talvez mereça atenção

José Gomes Ferreira

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publicado às 22:20

Fazer de conta

por José, em 31.08.24

Sendo cópia do original
Tem por aí muita imitação
Muita tentativa banal
Que não foge da repetição

Tudo isso acontece nas virtudes
Como no que toca ao sentimento
Genuína é a minha Gertrudes
É feliz com carinho e alimento

Tudo piora com a visibilidade
Assim como com a ostentação
Será destaque sem habilidade
Serve tudo para criar ilusão

Tristes ideias de felicidade
E valores a conquistar
Até as promessas são falsidade
E a opulência imita o bem-estar

José Gomes Ferreira

*Gertrudes é como chamo a gata da minha mãe e que foi o título do meu terceiro livro de poesia. Nesta foto era ainda muito pequenina, depois escureceu um pouco.

img_2_1725104638070.jpg

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publicado às 12:24

Entre mim

por José, em 31.08.24

O rosto vermelho de timidez
O calor estampado da emoção
Como pude não ter medo
E gosto para escrever canções
Tem até memórias feridas
Corridas de joelhos em sangue
Tal como lágrimas nas noites perdidas
Mas a vida não é só arraial e desencontro
A feira do povo repete-se a cada dia
Assim sigo para além da ambição
No sentimento de peito aberto
No prazer de cruzar novas esquinas
E na luz que transforma corações
Podem até discordar das minhas palavras
Haverá diferentes teses para o amor
E diferentes rotas para o sucesso
Ganhar uma medalha nem sempre fecha um ciclo de felicidade
É tanta a gratidão e a paixão que a nossa força não se apaga
Mesmo que a inveja discorde por ordem e posição

José Gomes Ferreira

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publicado às 06:58

Pau atrás da porta

por José, em 30.08.24

Os tempos mudam com a nossa mudança
E nem sempre a mudança é para melhor
Outrora algumas famílias guardavam um pau atrás da porta
Geralmente quando as habitações eram isoladas ou se sentiam ameaçadas
Assim como para receber os amigos do alheio
Actualmente tem quem ande de taco no carro para resolver contendas do trânsito
Tem quem faça o mesmo para mostrar diferenças clubísticas e políticas
Sem esquecer que do jogo do pau se passou ao uso de armas de fogo
Não vale a pena dizer que antes era tudo paz e sossego
Havia mortes na partilha na água e demarcação das propriedades
Se não resolvemos os problemas lá atrás temos tendência a agir à força
Temos um déficit crónico em respeitar dissemelhanças

José Gomes Ferreira

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publicado às 16:30

Gota a gota

por José, em 30.08.24

Os anos contam-se como histórias
Na passagem veloz dos pensamentos
São os laços que vão e ficam
Que fortalecem a nossa ideia
E dão sentido à caminhada

Do amor se fez recordação
Uma utopia para definir
E projectar o encanto na vontade
Quando havia tanta esperança
E os dias seguiam escolhidos
Na crença resoluta da emoção

Fica sempre a luz como mensagem
A força que brota do rosto
E segue para se alojar no coração
Não tem solicitações por responder
Nem sempre as almas se cruzam
Também não é razão de conformismo

Da fonte continua a correr água pura
Saciar a sede é uma providência
Só não necessitamos engolir todo líquido de uma vez
Existir é deixar que cada gota encontre o seu destino
E o tempo exacto da sua absorção

José Gomes Ferreira

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publicado às 11:29

Cientistas na hora

por José, em 30.08.24

Tem muito catedrático de qualquer assunto
Especialistas formados na hora
Diplomados em cerveja e presunto
Gente de imaginação encantadora

Se não for por soberba existência
Será por leitura de livros de auto-ajuda
Só não destruam o bom da ciência
Depois na aflição é um Deus nos acuda

O saber nunca ocupa lugar
E existem várias formas de conhecimento
Só não pode ter peritos para alugar
A querer competir com o jumento

Nem sempre a verdade é absoluta
Mas o método define o rigor
A confiança não é filha de prostituta
Nem se impõe por vontade do observador

Ciência também é informação
Só não é produzida nas redes sociais
Resulta de muitos anos de formação
Não se fica por suposições superficiais

José Gomes Ferreira

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publicado às 10:45

Funções

por José, em 30.08.24

A ignorância é a ferramenta dos ditadores
A propaganda o dispositivo de comunicação
A mentira é a certeza dos amantes
A argumentação é a sua arma letal

A pobreza é o principal instrumento de controle
A hereditariedade é o seu juízo de poder
O dinheiro é a maior ilusão dos desprevenidos
A amizade é a esperança dos vulneráveis

O amor é a sina dos corações
A bondade é a fé dos inocentes
A luz é o motor da vida plena
A saudade escolhe a beleza na distância

José Gomes Ferreira

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publicado às 01:23

O mar avança

por José, em 28.08.24

O mar avança, acredita
Só quem não vê são os teus olhos
Nem a tua fragrância
Talvez seja indiferença
Falta de informação não é
O mar avança e a mata arde
Achas que está tudo normal
Será da distância
Também pode ser posição
O mar avança e os teus pés estão a alagar
Vês em tudo felicidade
Não te dás conta
O teu problema é consolo
E apatia à verdade
O mar avança e tu não reages
Serás sobrevivente ou já cadáver?
O mar avança, tu nem te retrais

José Gomes Ferreira

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publicado às 23:58

Ribalta

por José, em 28.08.24

Será da idade
Também pode ser congénito
Indisposição geracional
Gosto pelo tom discreto
Amor ao silêncio
Celebração da catarse de pensamentos
Podem ser muitas as razões
Não tenho apetite pela ribalta
Reconhecimento queremos sempre
Só que muita ribalta é aparência
É para quem tem gosto em ser visto
Não é necessariamente sinónimo de realização
Ribalta não é aplauso na trajectória
É exibição do que gera desejo

José Gomes Ferreira

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publicado às 16:59

Gente que passa

por José, em 28.08.24

Somos o espelho de muita gente
Pois ninguém se vê de costas
Somos sensatez e crítica
Elogio ou gosto pela observação

Andamos sempre a olhar
Tantos os rostos que se apresentam
Uns são mais marcados
Os outros são neutros como a luz

Não se trata de invasão
Apenas de movimento urbano
O olhar não especula intenções
A não ser que a mente não se ajuize

É da fruição que te trata
Em rostos e corpos heterogéneos
Não é estigma ou pecado
Em rigor somos todos maravilhosos

José Gomes Ferreira

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publicado às 16:42

Dominação

por José, em 28.08.24

Se tem benção é natureza
Se tem verdade é Humanidade
Falha-nos muitas vezes a certeza
A ilusão é apresentada como verdade

Não questiono nem os dogmas
Que criam trajectórias de vida
Também não discuto da ciência os paradigmas
Tem muito conhecimento que gera dúvidas

Não estou a falar de Criação e Criador
Refiro-me apenas ao compromisso
Não tem bicicleta partilhada sem guiador
Nem liberdade com o ser submisso

Procuramos assumir um certo estatuto
O lugar que simulamos na hierarquia
Agimos que nem peso bruto
Misturamos propaganda com fantasia

José Gomes Ferreira

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publicado às 09:46

Destaques no Sapo

por José, em 27.08.24

Desde a manhã de ontem que o meu post sobre a resposta ao sismo em Portugal teve muitas visitas em resultado, assim creio, do facto de surgir na página do Sapo como "notícia". É sempre bom ser lido por centenas, porém, não tenho qualquer pretensão em ser influenciador. Por outro lado, o objectivo do blog é partilhar outro tipo de reflexões, funcionando também como arquivo pessoal desse outro lado. Em particular, o pequeno texto foi escrito para outro blog da concorrência no qual sou co-autor. Mesmo aí são breves reflexões, escritas normalmente no bloco de notas do telefone, tal como a presente nota, que escrevo em viagem do interior da Paraíba para a capital do Rio Grande do Norte.
Somente for na área de ensino e investigação tenho todo o gosto em influenciar quem se cruza comigo, sobretudo na perspectiva de inspirar. Tudo mais são palavras no exercício da cidadania e do gosto por ir para além do silêncio. Obviamente que o sismo dá impulsos suficientes para se pensar as políticas públicas e a actuação dos órgãos responsáveis. Foi nesse sentido que deixei algumas palavras. Para mais, vivendo na distância familiar e de amizades de cerca de 6 mil quilómetros não poderia ficar indiferente. Estamos sempre com o coração onde se mantém o amor, as memórias e os laços.

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publicado às 15:00

Abanão

por José, em 27.08.24

Os sismos deixam-nos assustados
Ainda assim por vezes precisamos de um safanão na vida
A linha recta pode atordoar as opções
E limitar futuras saídas por novos caminhos
Um abanão para além do vento pode trazer lucidez
Não na perspectiva de se aprender com os erros
Quem diz isso menospreza o sofrimento
Confere-lhe mera utilidade perante eventuais proveitos
Mas um abanão que belisque a alma
E no sacudir da cabeça nos leva a outras decisões
Não um optar após o erro cometido
Apenas um pontificado ataque de consciência
Um súbito "porra, o que estou a fazer?"

José Gomes Ferreira

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publicado às 00:45

Se foi teste será que passámos?

por José, em 26.08.24

Em reacção ao sismo registado em Portugal esta madrugada o primeiro-ministro em exercício, Paulo Rangel, afirmou que foi um teste à nossa operacionalidade. Mais optimista foi Carlos Moedas ao afirmar que Lisboa está preparada para sismos ainda maiores. Depois do sucedido na resposta aos incêndios na Madeira este tipo de reacções é tipo manteiga com pão.

O que se passa com os nossos políticos? O que se pede é que sejam realistas e coordenem os dispositivos institucionais de resposta. Virem com inverdades não tranquiliza, gera maior desconfiança e afastamento dos cidadãos. No caso de Carlos Moedas o que se pede é que os municípios trabalhem no sentido das edificações resistirem a estes eventos. No caso de Paulo Rangel pede-se que acompanhe o processo, que mande investigar as razões do alerta não chegar a todos os telefones com Android e da necessidade de maior articulação com a comunicação social. A rapidez na divulgação de informação salva vidas. Declarações politiqueiras não servem para nada.

Não se tem investido por antecipação, o que não nos prepara para (estas) catástrofes. As poucas acções de educação para a protecção civil são insuficientes. É necessário uma intervenção desde o processo de construção de edifícios, redes de comunicação, existência de abrigos, resposta aos desalojados em caso de catástrofe, assim como meios logísticos, médicos, de mobilidade e outros. Temos a tradição de agir na boca do lobo, o que é arriscar muito. 

Também não podemos concentrar toda a resposta nos serviços de protecção civil, que, por sua vez, se transformaram numa estrutura burocrática e distante. Se o sismo foi um teste vamos aguardar pela avaliação, a não reprovação será por centésimas.

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publicado às 14:55

Bule, bule, bule

por José, em 26.08.24

Aproveito o vento Suão
E a quentura que seca o milho
Os vizinhos aguardam por vaga na eira
Uso o vassouro de trovisco e o rodo
Junto o cereal para o erguer
Encho balde a balde
Elevo-o acima da cabeça para separar as impurezas
Tem algumas mulheres a ajudar
Uma segura o grão que salpica
As outras ensacam o já erguido
Todos ajudam mesmo não sendo familiares
Mais tarde passa a malhadeira
Tem várias sacas de espigas a aguardar
Chamo o vento para apressar a actividade
Bule, bule, bule, peço a Éolo para bulir
Em minutos tudo fica pronto
Também eu me ofereço para ajudar
Carrego os sacos na carroça com a promessa de voltar
Em Agosto celebra-se a felicidade das colheitas

José Gomes Ferreira

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publicado às 02:57

Arrependimento nunca

por José, em 26.08.24

Nunca seremos prefeitos na encruzilhada
Nem a perfeição deverá ser o destino
Como podemos voltar atrás na cronologia da vida
Mesmo havendo arrependimento dos anos
E juízo sobre a sensibilidade dos actos
Não somos fita de bobina de cinema
Nem podemos escutar a crítica da audiência
Querer voltar atrás não será apenas frustração
Não fechamos todas as portas e janelas
Sem a superação dos desafios não temos paz
Não adianta recorrer aos desejos, aos vícios e aos dogmas
Os dias devem ser guiados pelas estrelas e laços
É necessário retirar a escuridão dos sonhos
E deixar que brote a esperança no coração
Oferecendo flores ao Universo que traz luz

José Gomes Ferreira

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publicado às 01:31

Apelos

por José, em 25.08.24

Quantas vezes me disseram para mudar de posição
Para alinhar com o que custa menos
Para me deixar de tanta ilusão

Quantas vezes me disseram para me alistar
Para escolher outro caminho
Para aprender a me encostar

Talvez seja por orgulho
Talvez seja por vocação
Não me vendo por bagulho
E não vivo sem paixão

Podem dizer que estou a complicar
Que desperdiço oportunidades
Na vida sou como nas artes de amar
Distingo opiniões de verdades

José Gomes Ferreira

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publicado às 22:01

Deixa

por José, em 25.08.24

Deixa chorar
Tem momentos que não aguento
E o coração explode no peito
A pedir um novo começo

Deixa aguentar
Tem sorrisos que não saem do pensamento
Lembranças que não voltam
E encanto que não desaparece

Deixa ficar
Tem esperas que passam o instante
Se à noite sonho de mais
A luz do Sol traz lucidez

Deixa falar
Tem muitas observações da vida alheia
Da vida não guardo mistério
Também não conto se esqueci alguém

José Gomes Ferreira

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publicado às 15:47

Questionar

por José, em 25.08.24

Questionar rumos e valores deveria ser uma obrigação
Mas as pessoas ofendem-se
Talvez tenham receio em derrubar as suas certezas
Evitamos sempre questionar as nossas convicções
Receamos ter de recuar face a erros cometidos
Quando na verdade cada decisão incorpora temporalidade e justificação
Associamos valores a dogmas
A deusificação cristaliza ideias que deveriam estar em movimento
Acaba também por se apresentar como interpretação universal
Quando na verdade são leituras sem a aprendizagem da atenção

José Gomes Ferreira

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publicado às 00:15

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