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Lembranças

por José, em 31.05.24

Lembro todas as vezes
Que o amor dita a voz
E o silêncio esconde a ternura
No beijo e na carícia

Lembro cada instante
A luz do Sol que aquece
O sentir do bater do coração
No olhar fixo entre si

Lembro as manhãs suaves
Sem a pressa de partir
Agarrados em nós
Como folha e flor juntas

Lembro a distância
Quando se faz aproximação
O reencontro no cais
A ofegante espera que se realiza

José Gomes Ferreira

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publicado às 19:38

A raposa que guarda galinhas

por José, em 31.05.24

As religiões, o extremismo político e o consumo supérfluo
Assim se responde à crise do individualismo
Quando não com mais álcool, ódio e droga
É certo que os problemas estruturais dependem das políticas públicas
Mas não podemos resolver crises interiores apenas com oração e com uma ida ao cabeleireiro
A fé reassume a esperança, mas espera a nossa reacção
Cuidar do corpo eleva a auto-estima, só falta disputar o prolongamento
A atual crise não é somente económica e ambiental
É uma crise do ser, da moral, das virtudes e das interações
É também uma crise existencial sem precedentes
A dispersão das igrejas e a sua viragem para o lucro não é isenta
Precisamos sentir a repercussão da espiritualidade da natureza
Como também da sociedade no espírito da troca
Necessitamos da poesia nos dias fantasmas
Esperar respostas fora de nós é deixar a raposa guardar as galinhas
A poesia e a contemplação são o sublimar da paz e dos aromas
O abraço que toca a penitência do universo

José Gomes Ferreira

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publicado às 18:04

Mixórdia

por José, em 30.05.24

A paixão é um amor alucinado
É uma tentação sem medida
Uma grande vontade de cometer pecado
Sem nunca dar cada acção por perdida

O amor é um instrumento de tortura
Que pode acabar em solidão
Pode levar à loucura
Se não se controlar a lassidão

O pecado não mora necessariamente ao lado
E não passa pelo culminar qualquer acto
Por vezes significa que o comodismo é fado
Pelo que resta contrariar qualquer facto

José Gomes Ferreira

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publicado às 01:28

Imagens antigas

por José, em 29.05.24

O vento sopra áspero no pinhal
As crutas abanam como bandeiras
Sacodem o pó e o medo
Abrem o tronco à luz
Manso é apenas o cavalheirismo
Empurra o tempo para a história
Na vontade de fazer e acontecer
Seguindo as ondulações da memória
Alegra-me o céu incógnito
Na sua excessiva vontade do destino
E em todo sacudir de fragrâncias
Tem muitas paisagens que não se repetem
Foram levadas pelos incêndios e descuido
Dou-me ao trabalho de vigiar a mata
Percorro-o com a imaginação da distância
Escuto o estalar dos ramos e o cair das pinhas
Lembro a sombra e o barulho dos tractores
Insisto na resina dos púcaros
Os caminhos estão livres para passagem
Esconde-se uma nascente num lameiro
Contemplo também as margens do rio lá ao fundo

José Gomes Ferreira

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publicado às 01:56

Grito da vida

por José, em 28.05.24

Uns têm a sorte do grito da vida
E passam mesmo a incerteza
Outros têm o temor da posição
E resignam perante as considerações
Tem quem se mexa na escolha das consequências
E não venda barato nem o destino
O problema nem sempre está no ponto de partida
Mas na ambição e auto-estímulo
Não vence quem não corre
E o lamento não pode ser o risco da estagnação
Não nos engasgamos apenas com comida
O próprio ar e a saliva interrompem o gargarejo
Só que nas tentativas da vida não conta a intenção
Os passos em falso muitas vezes ajudam a tropeçar

José Gomes Ferreira

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publicado às 20:49

Destino

por José, em 28.05.24

O destino pode ser o sorriso de mulher
E a fortuna para quem escuta
Sempre segui o destino como obstinação
Nunca foi um planeamento com metas
Segui a ideia de felicidade sem teimar em objectivos e metas estratégicas
Munido sempre de uma grande vontade de chegar
Um orgulho potente na caminhada
E o eterno encantamento pela dádiva e pela partilha
É a descoberta e reciprocidade que mais me encantam
Assim como o apego ao exemplo de quem partiu
A fidelidade à memória e à natureza são como lanternas
Forças eletrizantes de superação
Tudo mais é caminho que se constrói na luta e no abraço
Não necessita de dogmas ou promessas
Mas do encontro do espírito com a vibração

José Gomes Ferreira

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publicado às 01:28

Cidade antiga

por José, em 28.05.24

A cidade abana as suas cores
Tem o São João à porta
Quem também está à porta são os mendigos
Um pedinte invisual repete as preces
"Uma ajuda para o ceguinho! Uma ajuda para o ceguinho!"
Aquela esquina deve escutar muitos lamentos
E receber muita solidariedade para além das palavras
O vento sopra nas bandeiras coloridas
Gera um efeito fantasia e espanto
O brilho reflecte nos carros e motos
Tudo parece um filme de convalescença
Algumas crianças seguram os seus gelados com aroma a fruta
Na passadeira os carros e as motos param
Já não estranho a cordial passagem
Nas lojas repetem os pregões
Sigo como quem procura que comer
Na verdade vou buscar o almoço e cruzo o limiar da beleza
A cidade para ser bela não precisa de laivos de modernismo
Apenas de ter gente na glória das suas vidas

José Gomes Ferreira

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publicado às 00:39

Excursão

por José, em 26.05.24

Vou deixar as 9 horas
Vou partir em excursão
Não haverá mais demoras
Seguirei com o coração

Vou enfrentar o novo dia
De um domingo qualquer
Chamarei a isso de rebeldia
Imagem do sorriso de uma mulher

Vou deixar as tentações
E a mania da esquisitice
Quero realizar as ilusões
E fugir da mera carolice

Andarei muito apressado
No gosto das escolhas
Sigo para muito lado
Como vento a soprar as folhas

Tudo me chama a atenção
Porém sem as sortes do amor
Se um dia haverá comunhão
Hoje não posso nem hoje supor

José Gomes Ferreira

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publicado às 12:38

Pretensiosismo

por José, em 26.05.24

Assisto a romarias e solicitações
Algumas podem me ultrapassar na necessidade
Escuto as conversas e conheço as prerrogativas
Deveria talvez ser combativo nas prioridades
Quem sabe preocupar-me mais com a sobrevivência
Continuo a entregar-me ao que me dá prazer e deixe de herança
Posso até expor laivos de alucinação e descontrole
Tudo depende da pressa e objectivos
Tudo remete igualmente para o ponto de partida
Superei largamente o destino da trajectória
A felicidade que retiro vai para além do desígnio material
Desde que garante meios futuros a astúcia é equilibrada
Não corro atrás do sonho milionário do pretensiosismo

José Gomes Ferreira

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publicado às 11:53

Pensamentos vadios

por José, em 25.05.24

Pensamentos vadios requerem liberdade
Mesmo aqueles sobre a ternura
E os pensamentos que esclarecem a vida
Para não falar das escolhas por necessidade
E do labirinto que nos tenta torrar a paciência
Ser vadio não é sinónimo de plenitude
Reflecte apenas despertencimento ocasional e tácito
Opção particular para se retirar de laços e classificações
Ser livre não é apenas excluir o corpo da escuta e da análise
Nem proclamar outra rota face à generalização
Liberdade implica a felicidade do outro
Qualquer pensamento vadio é de gratidão ao outro
Não é retórica para satisfazer a carteira e o silêncio

José Gomes Ferreira

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publicado às 09:22

Pedido

por José, em 23.05.24

Chamem-me as galáxias
E a semelhança da Humanidade
Mostrem-me as nascentes e bebedouros
Os rios a correrem velozes
Levem-me aos terreiros santos
E onde tem culturas ancestrais
Apresentem-me os deuses antigos
E os porta-estandartes
Lembrem-me do simbolismo da palavra
Palavra dada é negócio fechado
Rezem pelo futuro e pela razão
Exponham as acções do coração
Reafirmem comigo a esperança
Não precisam lembrar da força da dignidade

José Gomes Ferreira

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publicado às 01:14

Vivi muitas vidas

por José, em 22.05.24

Já vivi muitas vidas
Hoje procuro foco
E alegria nos acontecimentos
Já carreguei muito peso às costas
Não apenas madeira para aquecer
Carreguei o estigma de pobre, órfão e tímido
Foram durante muito tempo o maior carrego
Hoje gosto de carregar baterias
De absorver a luz do Sol
E me debruçar sobre a perspectiva das virtudes
Já carreguei com o passado
Hoje guardo histórias de múltiplos sectores

José Gomes Ferreira

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publicado às 00:51

Talvez, raramente

por José, em 22.05.24

Talvez deva mudar as configurações
E escutar menos as estrelas
Só que o bom da vida são as ocasiões
E o impulso das atitudes singelas

Talvez deva ir com os outros
Na verdade tem festa no arraial
Mas depois de fazer tantos quilómetros
Quero ser simples, mas não superficial

Talvez deva prosear alternativas
E escutar as vozes nas capelas
Só que tenho aversão a cantigas
E de pensar no impacto das sequelas

José Gomes Ferreira

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publicado às 00:22

Despertar

por José, em 21.05.24

Com a enxada aprendi a ler a terra
Com o cabaço conheci a importância das águas
Com o machado liguei-me à floresta
Mas foi com os jornais amarrotados que comecei a viajar
Foi com o almanaque Borda d'Água que conheci as palavras e as fases da Lua
Foi com as conversas das velhas que conheci outras histórias
Mais tarde conheci os livros e a imaginação
Conheci as bibliotecas e o exacto momento da reflexão
Também guardei ovelhas e comi amoras
Aprendi a conhecer o paladar da observação
Refugiei-me na timidez e conheci a polinização das ideias
Vivi a prematura obstinação da perda e conheci a superação
Conheci o rigor nas dificuldades, mas nunca deixei de olhar em frente

José Gomes Ferreira

* Não esqueci a rádio, mas quis destacar as histórias visuais, porém, a rádio foi a minha antena de cidadania e cultura, assim como a televisão e mais tarde o cinema.

Aviso feriado comunicado vermelho instagram story_

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publicado às 01:50

Sinónimos

por José, em 21.05.24

O mundo corre que até ferve
Deixando borbulhar o sangue
E o corrimento dos excessos
Tem quem se coloque no púlpito
Geralmente a querer negar as evidências
Espumam pela boca os vadios de gravata
Acham-se senhores do mundo
E amestradores da legião de fãs
Os meus dias empatam com o fervor
E com a servidão das ideias
Escuto os obuses
Vejo os pobres na rua
Mas também caminho em círculos
Advertindo a sobrevivência
Olhando para o que tiver de esperança
Apaziguam-me os relatos que escuto da minha mãe
E as voltas mergulhado na cidade
De um lado tenho a presença da felicidade
Do outro lado descubro a paz no deslumbramento

José Gomes Ferreira

Sinónimos O mundo corre que até ferve Deixando b

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publicado às 00:04

Às segundas de manhã

por José, em 20.05.24

O Sol é mais bonito às segundas pela manhã
Tal como as ruas, os raios higienizam-se aos nossos olhos
As primeiras motorizações também aparecem puras
Escutam-se também as primeiras vozes
Não tarda dá-se a abertura do comércio
Às 8 horas em ponto a cidade retoma ao normal
Lembra o horário de turno de uma fábrica
Primeiro observam-se os funcionários à porta
Depois alguém com a chave assume o comando
As ruas subitamente enchem-se de gente
E toda a intensidade vibrante é recuperada
Nesta segunda surge ainda com o colorido a anunciar o São João
As ruas receberam enfeites de ponta a ponta
Escuta-se neles a brisa matinal a aplaudir o recomeço
As crianças seguem para a escola de roupa lavada
E a vida segue nos interstícios metropolitanos

José Gomes Ferreira

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publicado às 11:20

Rupturas

por José, em 19.05.24

Nunca mais esse delírio
Poderá ser
Friamente amar-te
E ficar só com recordações
Não me deves nada
O que acontece em sonhos é insuficiente
É impossível qualquer carícia
O passado não volta
As consequências não voltam
Para querer-te é necessário sentimento
Rejeito tudo
Nem o pecado me chegue
Ilusão é o título
A passagem do já vivido
Duvidar do querer
Esconder a tortura do coração
O amor é ingrato
Seduz e mostra-se
Não se conforma com rupturas

José Gomes Ferreira

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publicado às 21:03

Meteorito

por José, em 19.05.24

Era noite cerrada
Com o céu já escuro
Tinha muita gente acordada
E jornalistas à espera de um furo

Apareceu um meteorito
Foi visto por portugueses e espanhóis
Todo mundo dormiu aflito
Na inquietação deram descanso aos lençóis

Dizem ser de um azul esverdeado
De luz intensa e repentina
Seria um sportinguista esgazeado
Que se esqueceu de fechar a cortina

Pelo menos o povo não fala da vida alheia
Entretém-se com o fenómeno inusitado
Hoje tem tema para conversa e meia
Não se fala de outro assunto em todo lado

José Gomes Ferreira

Meteorito Era noite cerrada Com o céu já escuro

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publicado às 10:13

Se não for saudade

por José, em 18.05.24

Se não for a saudade
O que me pode acontecer
Andarei a faltar à verdade
Se assim for morro antes de morrer

Todos os dias me perguntam
As razões da minha postura
Para aqueles que se apresentam
Respondo que é tudo menos loucura

Porém nada se faz sem sacrifício
Mesmo que a prioridade não seja voltar
No fim da guerra assinaram o armistício
E a maldita guerra continua para durar

Já dizia a minha avó
Tem cuidado rapaz
O moinho não funciona sem mó
Só tu sabes do que és capaz

José Gomes Ferreira

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publicado às 16:25

Dizeres

por José, em 18.05.24

Quando dizem que tenho o amor no regaço
Lembram a ligação fraternal
Lembram a água tirada a cabaço
E as flores junto com milho no quintal

Quando dizem que tenho o coração apertado
É da saudade das ruas da minha aldeia
Que já tiveram gente por todo lado
E muitas viram-me a pedir boleia

Quando dizem que querem estar à minha beira
Com a vontade de quererem ficar
Mostrou-lhe a nossa maior eira
Explico como o povo se juntava a trabalhar

Quando dizem que o mundo é todo ciúme
E que cada um quer saber do seu umbigo
Explico como fertilizava o solo com estrume
E que na região se semeava pouco trigo

José Gomes Ferreira

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publicado às 00:30

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