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Exibição

por José, em 30.04.24

Outrora exibiamos os cromos da bola
Na pior das hipóteses os berlindes ou as esferas
Um grupo reduzido e de mais idade poderia exibir soldadinhos de chumbo
Passando de classe e de ciclo alguns exibiam um relógio
Eram poucos os que exibiam uma bicicleta
Tive uma bicicleta que me foi oferecida, quando a fui exibir estava velha
Também não podia exibir uma simples bola de borracha
Recebi um camião para brincar, mas era para guardar, não o podia exibir ou brincar com ele
Hoje exibe-se até os genitais e tudo o que provoque
Exibem-se em particular sinais exteriores de riqueza
É preciso exibir superioridade
Deixou foi de se exibir a dignidade na maternidade dos objectos
Exibimos corpos e matéria sem nunca se saber quem somos

José Gomes Ferreira

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publicado às 02:42

Dia Mundial da Dança

por José, em 29.04.24

Dançam bravos com o corpo
Com vozes a acompanhar
Não é só o movimento
Esse pode ser solidão
O corpo pode ser o género
Todo o pudor da geração
O corpo é a voz da tradição
A resistência que teima em ficar
A escrita da arte na política testemunha
O corpo é a ternura, o afecto que esperamos
O corpo é a vida, a ferida, a violência e a guerra
O corpo é a expressão, o gesto e a arma
O corpo é testemunha e objecto
O corpo é a nobreza, a delicadeza do toque
O corpo é o próprio palco
Se usado, manipulado e confiado
O corpo é o exército de observação

José Gomes Ferreira

Dia Mundial da Dança Dançam bravos com o corpo C

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publicado às 21:22

Driblagem

por José, em 29.04.24

Se tem uma luz eu corro
Se tem um desafio eu quero
Certamente um dia também morro
Até lá sigo com tudo o que é exagero

Se tem uma história me encanta
Se tem memória sobra imaginação
Tudo é mais lindo se o povo canta
E repete em aplauso a sua devoção

Se tem amor eu acredito
Se tem poesia eu chego primeiro
Poderei no momento estar aflito
Na vida serei sempre passageiro

Se tem injustiça eu luto
Se tem dogma eu ignoro
Não existe prazer absoluto
Apenas narrativas em formato sonoro

José Gomes Ferreira

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publicado às 11:46

Delírio

por José, em 29.04.24

Houve um amor e houve o destino
Nunca fingi um caminho
Nem uma forma de me entregar
Se era os teus lábios que queria
O coração logo se pronunciava
Não havia nada a estranhar
O silêncio nunca foi omissão
As mãos e os olhos sempre falaram
Nunca teve outro amor
Tão pouco escolha em delírio
O carinho sempre interpretou a alma
Sempre te esperei na minha existência
Talvez até te tenha ouvido
Sempre foi tão forte o meu pensamento
Mesmo com os pés assentes em terra
Sempre foi tão forte o sentimento
E a compreensão quanto ao querer
Nunca foi apenas ânsia louca
Não se trata de pó atirado ao vento
Menos ainda de sobrevivência

José Gomes Ferreira

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publicado às 00:43

Não sou eu, somos todos

por José, em 28.04.24

A minha poesia narra a minha história
Mas o que mais gosto é de cruzar com outras vidas
Com poesia expressa no olhar
Poesia declamada na rua e no campo
Versos ditos na luz do dia e da noite
Formas de expressão genuínas de grupos
E de seres individuais com alma de grupo
A minha poesia exalta a memória e a imaginação
Mas o que mais gosto são das vivências
De observar e escutar o encanto que vai na alma
Arrepio-me quando se desfazem em rimas
E quando o seu suor e luta é expressão de resistência
A minha poesia não é mera estética
Mas tem outras que atravessam toda a Humanidade

José Gomes Ferreira

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publicado às 16:49

Carta à minha mãe

por José, em 27.04.24

Minha mãe, espero encontrá-la de saúde e na serenidade dos dias de Primavera, junto com a gata Gertrudes, a cadela Íris, o meu irmão e sobrinhos.
Lembrei-me das suas décadas de cartas quando trabalhava em França, estou por isso, anos mais tarde, a responder sobre a minha condição.
Já lhe contei que moro em duas cidades. Pode até não ser a melhor opção, mas a felicidade não se conquista sem se verificar. A cidade do interior é a minha base de trabalho. Moro no centro histórico.
As pessoas são muito atenciosas e prestativas, os dias assim seguem com encanto. As aulas são sobre temas novos, mas não desconhecidos. E como sabe qualquer novo desafio me motiva.
A cidade onde moro desde 2016 é sobretudo para passar o fim de semana e para compromissos eventuais. A casa é um pouco melhor, ainda que igualmente simples. O que me deixa feliz é a oportunidade de conhecer e partilhar o que tenho aprendido.
O clima é diferente do que faz na aldeia. Em geral está sempre calor, porém, na nova cidade chega a refrescar à noite. Na outra cidade o calor chega a ser infernal.
Ainda não sei quando poderei viajar para Portugal. As saudades de estar ao pé de você são muitas. Assim como de comer um simples bacalhau e de me sentar na Laje Grande a ver o tempo passar.
Por hoje fico por aqui, prometo dar notícias em breves.
Beijos deste seu filho.

José Gomes Ferreira

* Relembrando outros tempos, em que eu morava na terra e os meus pais em França, ficando apenas a minha mãe após a perda do meu pai em 1977.

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publicado às 23:31

Sábado de manhã

por José, em 27.04.24

É sábado de manhã, a cidade mostra-se exuberante
Sem restringir a luz e o movimento
Ultima as compras e as exibições
Os filhos finalmente abraçam os pais
Por momentos as avós perdem o privilégio do cuidado
Até os polícias saem à rua
Nas cafetarias sentam-se homens despidos da melancolia quotidiana
As mulheres rodeiam o balcão da pastelaria
Os comerciantes tentam angariar mais atendimentos
Os rostos são de felicidade
É chegado o dia do consumo e do recato
Cumprimentam-se os conhecidos e amigos
A reverência é igual e alegrada pela tranquilidade do clima
O centro da cidade permite o encontro dos desejos e das surpresas
Não tarda muito as ruas esvaziam-se
Deixam a funcionar apenas as emergências do supermercado e da farmácia

José Gomes Ferreira

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publicado às 17:56

Praça

por José, em 27.04.24

Cheguei na praça para ver o povo
Não procurei estrelas ou vedetas
Sentei-me a escutar os tambores
E ver muitas vidas em movimento
Andam várias escolhas a passar
Como catarse do mundo que se apresenta
Tem promessas e virtudes
Que nos levam luz à curva da alma
Assim como sorrisos simples
No chão que sustenta a vida e nos agarra uns aos outros
A exuberância dos olhos cativa
Não cai por engano no esquecimento
Tem ofertas para todos os gostos
E muita forma de ganhar o pão
O povo é mais feliz quando está unido

José Gomes Ferreira

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publicado às 13:36

O silêncio

por José, em 27.04.24

O silêncio espanta os martírios
E as mulheres que se querem relacionar
O silêncio afasta o consumo
E a exibição material
O silêncio reforça as amizades
E escuta melhor o coração
O silêncio não é a contemplação da paz
O silêncio é a própria paz
Na medida que desliga os burburinhos em redor
E o ruído que deixa o presente inquietar-se com o futuro
O silêncio não é solidão
É o abraço da alma em solidariedade
O silêncio não é perda de fala
É um diálogo com compassos
O silêncio é a liberdade de ser
O tomar do gosto a um novo vício
A reparação da memória para aceitar a diferença
É a barra que rechaça as ondas do mar

José Gomes Ferreira

O silêncio O silêncio espanta os martírios E as

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publicado às 03:25

Homem intencional

por José, em 26.04.24

De dia é amor
De noite é solidão
De dia esconde a dor
De noite pede perdão

De dia é luz
De noite é clareira
De dia seduz
De noite senta à lareira

De dia é real
De noite interage
De dia afasta o mal
De noite nem reage

José Gomes Ferreira

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publicado às 12:23

Baque

por José, em 26.04.24

Assim de repente
Não me vejo na política
Seria como Eva aceitar serpente
E eu perder o direito à crítica

Assim de surpresa
Não me vejo em nenhum cargo
Mas perante tanta atitude burguesa
Não fugirei para o largo

Se a liberdade está a saque
Não deixo de ocupar a rua
Evito que me dê um baque
E acabe com a alma nua

Irei para onde for chamado
Na tarefa de erguer a verdade
Sei que tem muito fulano safado
Que se quer apoderar da liberdade

José Gomes Ferreira

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publicado às 02:25

Liberdade para amar, adultério
Liberdade para pensar, critica
Liberdade para consumir, desperdício
Liberdade para criar, subjectividade
Liberdade para desejar, gula
Liberdade para se destacar, inveja
Liberdade para dizer não, marginalidade
Liberdade para celebrar, extravagância
Liberdade para ficar só, solidão
Liberdade para optar, estigma
Liberdade para ser luz, alucinação
Liberdade para não fazer nada, preguiça
Liberdade para voar, utopia
Liberdade para pensar, subversão

José Gomes Ferreira

Porque algumas pessoas rejeitam a ideia de liberda

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publicado às 13:58

Construir Abril

por José, em 25.04.24

Abril fez-se numa madrugada
No golpe que os cravos transformaram em Revolução
A liberdade a cada dia é conquistada
Nada é dado de antemão

Abril ainda corre
Na conquista da democracia
Na liberdade também se morre
É uma luta, não é uma utopia

Abril não se faz só de armas
Tem muito ainda para fazer
O país continua a precisar de reformas
E precisa de cidadania a condizer

José Gomes Ferreira

Construir Abril Abril fez-se numa madrugada No gol

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publicado às 12:03

Parabéns minha mãe

por José, em 25.04.24

A minha mãe quando eu nasci não me viu crescer
Permaneceu pouco tempo após eu dar os primeiros passos
Não me abandonou, jamais o faria mesmo na sua rigidez
Partiu para junto do meu pai para nos proporcionar uma vida melhor
O que é um acto de dolorosa coragem
Como também foi o desígnio de muitos portugueses
Quis o destino levar-lhe prematuramente o marido
A vida não é leve para quem perde todo chão e tudo o que tem é a família distante
Teve por isso uma vida de luta e privações
Nunca desistiu ou deixou de acreditar
Eu conhecia efectivamente a partir dos meus 18 anos
Foi forçada a regressar à vida no campo para continuar a criar os filhos
Trabalhou sempre de sol a sol sem reclamar
Teve muitas outras lutas até chegar aqui
Hoje fala-me do passado, da coragem e persistência
Vive feliz, ainda que preocupada com a solidão e com o rumo do país
Celebro pois com orgulho mais um aniversário, parabéns minha mãe

José Gomes Ferreira

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publicado às 03:56

Moralidade

por José, em 24.04.24

A moralidade atinge mais os pecadores compulsivos
Depois do erro parecem entrar no convento
Iniciam a purga ao desvio
Geralmente com base em indicações religiosas
Paz, pecado e resignação são mais do que dogmas
Devem fazer parte do estar integrado em comunidade
A moralidade levada pelo erro é frágil
E pode apresentar prejuízo mental
Interagir com respeito aos padrões deve ser um princípio básico
Não um castigo de deuses e fiéis

José Gomes Ferreira

Moralidade A moralidade atinge mais os pecadores c

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publicado às 12:31

Geração de Abril

por José, em 24.04.24

Falta consciência da geração
E das dificuldades que as outras enfrentaram
Foi grande a transformação
Os novos não sabem o que encontraram

Quando tudo se apresenta
Nos defeitos que possa conter
Não é a história que se isenta
É a nossa vontade de vencer

Nada se constrói sem pecado
Nos impulsos que a vida gera
Podemos tentar o caminho ao lado
Ou mandar regressar as tropas da guerra

Contém a verdadeira história
Da comemoração que vai chegar
Não chamem quem não tem memória
Escutem quem não parou de lutar

José Gomes Ferreira

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publicado às 11:48

Preces ouvidas

por José, em 23.04.24

Tem trovão na mata que assusta
E água que rapidamente escorre do monte
Vivo e sonoro o homem é transformado
Corre para onde tiver ajuntamento
Chega a levar a imagem dos santos consigo
Olha bem de cima a chuva
E chama Deus aos herdeiros
Assim festeja de corpo e alma
Nas barragens que sangram
Transborda também a felicidade
O sertanejo não aceita a contramão
Agradece as bênçãos e a natureza
Retém as imagens por décadas
Por vezes a espera é longínqua
É necessário acreditar e lutar
Uma parte é fé, outra é resistência
Nunca é resignação e benevolência
É nobre e estóica a sua narrativa
Traz esperança a tantas gerações
E leva o seu querer além fronteiras
A água é a seiva da vida, fonte de toda a riqueza

José Gomes Ferreira

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publicado às 02:53

Diálogos constantes

por José, em 22.04.24

Perguntam-me sobre o sabor tropical do silêncio
E sobre a cor encantada da saudade
Sempre que a distância atinge o sucesso das conversas
E a curiosidade desperta o brilho no olhar
Querem sempre saber sobre as minhas decisões
A emigração em contra-vaga das tendências
Esperam que confirme ter sido fruto de algum acto tresloucado
Não contam com as circunstâncias e com o gosto
Perguntam-me também sobre quem deixei
E por quem corri na atracção dos dias quentes
Querem saber por que troquei a modernidade pela construção
E o motivo da trajectória em terra que precisa de esperança
Respondo que a felicidade está onde somos felizes e nos querem bem
E que a saudade não significa desligar os laços do coração

José Gomes Ferreira

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publicado às 11:34

25 de Abril 50 anos

por José, em 21.04.24

Para aqueles que querem apagar a história
Insistindo que não houve Revolução
A receita para os problemas de memória
É investir numa boa educação

O golpe de estado foi um sinal
A que o povo entregou o peito
Revolução é a denominação final
Mesmo para qualquer energúmeno contrafeito

Os cravos são o símbolo da liberdade
A música a senha para avançar
Não venham deturpar a verdade
E achar que tudo deve recomeçar

A democracia não está completa
O desenvolvimento sempre tarda
Não entreguem o futuro a nenhum profeta
Só porque o burro não tem albarda

José Gomes Ferreira

25 de Abril 50 anos Para aqueles que querem apagar

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publicado às 23:56

Abrigo

por José, em 21.04.24

Depois do nosso adeus e da nostalgia ter terminado
Nada me deves e eu nada quero
A única sensação da minha alma tem sido a memória
Se me esqueceste sigo em peregrinação
Todo sonho nos acompanha eternamente
Amar é dar uma oportunidade à vida
O amor avança e somos dois seres livres
Formas e delírios de verdade, mesmo nem sempre juntos
Deixámos escapar a concentração e o abrigo
Não me defino na culpa ou na adoração
A magia tem os seus instantes, tal como os beijos sem abrigo
E as noites em que as histórias se desfazem

José Gomes Ferreira

Story Feliz Páscoa Elegante Marrom_20240421_18442

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publicado às 22:46

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