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Gritam que é a fé
Pagam com o silêncio
Gritam que é a justiça
Pagam com dinheiro
Gritam que é o respeito
Pagam com obediência
Gritam que é a liberdade
Escolhem os mais próximos
Gritam que é o amor
Rapidamente estendem a mão
José Gomes Ferreira
Talvez seja eu que sou um falso desatento
Estranho o que dizem para justificar a inundação
Estranho até o barco à vela na auto-estrada
E a mulher grávida a acreditar nas juras de amor
Habituei-me a estranhar e não suporto demagogia
Não sei se os políticos têm problemas de lucidez
A história não mente e prova o que dIzem
Talvez seja eu que sorrio por enlace
Na esperança de trazer empatia
E valorizar a supresa que rebola na espera
José Gomes Ferreira
Estou na idade em que serenidade é paixão
E argumento não tem divergência ou discórdia
Pois cada um fica com a sua razão
E na irredutibilidade de opinião resta pedir misericórdia
Estou na idade de dar atenção às estrelas do céu
E às flores que crescem em qualquer jardim
Já não busco o charme da noiva com véu
Quero apenas um amor só para mim
Estou na idade em que simplicidade é charme
E a atenção é o maior feitiço
Estou na idade de activar o alarme
Se a vida entrar em grande reboliço
José Gomes Ferreira
Não estás no meu lugar
Nem eu desperto na atenção
Estranho a tua forma de amar
Não posso suportar quando não estás
O teu amor é abrigo e consolo
Mesmo que procure construção
Resigno a apenas escutar
E chamar pressa ao sentimento
Vamos dar as mãos no intuito
Tem forças invisíveis que nos unem
A felicidade é o caminho a trilhar
Nada acontece sem dúvidas e hesitações
Nada acontece sem espera
Nem sem lágrimas de aflição
Não importa o que os outros dizem
Estamos entregues à fidelidade da escolha
José Gomes Ferreira
Pobre daquele que acha que tem sempre razão
Mesmo sem saber o que tem e como pode mudar amanhã
Feliz aquele que transforma e sorri
E com amor cavalheiro cativa
Diz alegre onde está o lenço perdido
E onde se pode encontrar a flor da alma
Mostra-se de braços abertos e o coração em alerta
Escuta o mundo quando pensa ser escutado
Aperta com força o silêncio quando o corpo vibra
Olha para o lado quando o destino é em frente
José Gomes Ferreira
Não me interessa onde me colocam politicamente
Não me interessa gravitar em partidos
Nem na mera ideologia de mandar e desdizer
Isso é obra de quem não se apoquenta
E atira para o ar laivos de apoio ou contestação por conveniência de raiz
A única coisa que me interessa é a defesa da democracia e da liberdade
É a escolha do pluralismo e a defesa do bem comum
Sou contra a orgia dos grandes interesses e a fanfarronice dos pequenos no apoio
Defendo a natureza e a vida plena para as gerações futuras
Assim como igualdade de oportunidades e sanções
Não tem política sem transparência e cidadania
Criem-se os devidos mecanismos e respeitem-se
Também na política e sociedade não tem filhos de Deus e filhos dos abandonados
José Gomes Ferreira
A beleza sempre esteve no cuidado
E na continuidade simultânea dos actos
Fui embalado na mesma gamela da vindima
A gamela que me deixou descansar levou uvas
Levou pão, lenha e o que havia na horta
Fez par com muita rodilha e com a cabeça das mulheres da família
Carreguei muitas gamelas ao ombro com o mosto a escorrer
Mas tal como o xaile preto e o avental
As gamelas eram uma extensão do corpo feminino
Quando não era o cesto era a gamela de madeira
Nela cabia o almoço carregado para a fazenda
Assim como pinhas e lenha para a lareira
E a erva do lameiro para os animais
Na gamela cabiam os papéis e as actividades do campo
Representavam ventres erguidos transportados na reprodução da vida material e simbólica
José Gomes Ferreira
Beijamos juntos cheios de intenção
Sempre com o prazer das almofadas
O aconchego que toca no peito
E faz tremer o corpo de pertença
Beijamos para selar relações
Tem quem o faça publicamente para marcar território
Não tem pior carícia que aquela para impressionar
Para mostrar aos presentes que aquele casal está junto
O amor não precisa de teatralizar o sentimento
Não se trata de um título de propriedade
Esses são laços inseguros, que tanto prometem como são capazes de trair
Amor são afectos que nos fazem brilhar e mover no encanto
E é o respeito que venera a atracção
José Gomes Ferreira
Mesmo que assim te invente e anuncie
É impossível deixar de querer-te
E guardar-te na memória tão apaixonadamente
Ao beber água fresca e serena apaziguo o meu coração
É à minha alma que preciso de me dar
E escolher as rosas que seriam o teu presente
O encanto tem muitas formas de declaração
Não importa apenas recordar, as paredes são minha testemunha
Não sei se o meu grande amor eras tu
O teu carinho reina na missão de imaginar
Está até no silêncio da solidão
Não quero lembranças de escusas
Que venham com a dor de um amor e de um orgulho que lamente
Estou seguro que não me esperas
Tenho a certeza sobre o teu esquecimento
Quando lembro do teu leviano impulso
Espero outros caminhos para a felicidade
O meu amor não aceita consolo
O delírio colorido é como embalo dos olhos
Perfuma o corpo e o apetite irreverente
Gera a ilusão da mais bonita flor e sentimento
José Gomes Ferreira
Não tem tempestade quando o coração está em paz
Nem quando o mar solta o refugo da sua potência na areia em rotina de movimento e enlace
Como céu e terra que se encontram e soltam em abraços constantes, pois são um só
Paz significa a observação dos dias sobre os desafios
É também a superação tranquila dos desajustes face às expectativas
Paz significa ser amado mesmo sem viver o amor relacional
É sentir-se parte da construção e celebração da humanidade
Paz é sentir o contágio da felicidade dos outros
E aplaudir as escolhas que tragam justiça a antigas certezas
José Gomes Ferreira
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