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Noite

por José, em 16.02.23

Não quero saber se jogas
Se escondes a paixão às avessas
Ou se iludes a paz nos teus olhos
Não quero saber se enganas a sorte
O meu coração não aguenta
Fica sem fôlego pelo que não posso dizer
Em muitos dias é o silêncio que manda
Com sombras a esconder a distância
Não quero saber se é casa ou rua
O pensamento andará sempre carregado
Convencido que tínhamos tudo para dar certo
Mas o que mudámos deixou-nos longe
E já não vives em mim como no passado
Não sei mais do que sou capaz
O tempo folgou a confiança e levou a beleza
O amor fugiu com a imaginação
O brilho sumiu das palavras que dizemos
Chega a noite quando se quer recuperar a ternura

José Gomes Ferreira

 

* da rubrica a que chamo Divagações 

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publicado às 22:18

Chamar

por José, em 16.02.23

Chamam tantas coisas
Às ideias que o mundo segue
Chamam amor à conveniência
E virtude às relações
Chamam sucesso à visibilidade
E preços baixo à propaganda
Chamam tantas coisas
E até chamam de nomes
Assim expressam arrogância
E carregam o peito de ilusão
Chamam até por mim
Quando for para dar uma mão
Não tem coração que aguente
Chamam chamam, nem sempre escutam

José Gomes Ferreira

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publicado às 20:48

Etapas

por José, em 15.02.23

Vamos deixar de lado os gostos banais
As alegrias por efeito de reacção
Os amores com intenções carnais
A felicidade confundida com acção

Vamos intervir só nas etapas
E dar o melhor nas vitórias
Fugir de dissimulados psicopatas
Ficar para contar novas histórias

É um passo de cada vez o nosso
Não é uma corrida para o trono
Eu faço sempre o que posso
Ignorando possibilidades de abandono

José Gomes Ferreira

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publicado às 22:23

Sou livre

por José, em 15.02.23

No preenchimento de vagas sou livre
Nunca achei o que Deus me deu
As quatro paredes são silêncio
Não conheço nem a solidão

No coração que bate sou livre
Não vivo a rotina da paixão
As noites suspensas são namoro
O sono leve de quem se acostuma

Na esperança para mudar sou livre
A exuberância não me salta à vista
É o frio e o calor que muda os dias
No amor não tenho conflitos de interesse

Sou livre para atenção
Sou livre para os quartos de final
Sou livre como quem caminha
Sou livre como quem protege

José Gomes Ferreira

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publicado às 09:52

Diálogo nocturno

por José, em 14.02.23

É noite e sobra o potencial de resistência
Dizes-me que não te saio do pensamento
E que contas todas as estrelas
Quando eu não estou suspiras sem pressa
Escutas as vozes do coração
E deixas a expectativa fora do brilho
Dizes-me que te faço falta
E sou no mundo a tua esperança
Digo-te que me preenches o rumo
E que o sentimento flui em melodia
O teu abraço é fortaleza e socorro
Encosto a face ao teu peito
E o calor é reconhecido por fora
Digo-te que és sonho e projecto
Contexto sem interrogações
O amor é também uma tomada de posição
Coragem em o reconhecer publicamente

José Gomes Ferreira

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publicado às 22:39

Renascer

por José, em 14.02.23

Podem ser só sementes
E o gosto do pão
Não se muda com velhas mentes
Ninguém se levanta do chão

Brota da terra a esperança
Sendo forte o orvalho
É insuportável a desconfiança
Nada vem sem trabalho

Entre as luas e o Sol ao léu
Fica forte a natureza
A saudade aponta ao céu
As preces são a única certeza

O amor é multidimensional
E perpassa gerações
É tanto humano como animal
Cresce no cuidado das ligações

José Gomes Ferreira

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publicado às 10:22

Cura

por José, em 13.02.23

Se tens a cura segreda-me
Terei talvez de te suplicar
Os teus beijos são terapia
E consentimento dos tempos
Deixas na cama o aroma a estrelas
E na ternura os corpos desalinhados
Sinto-me senhor da felicidade
Mesmo que sejas só imaginação
És o sorriso que uso nas palavras
E o baton que marca os meus lábios
Tem dias em que o coração acelera
Só porque te atrasas na chegada
Serei capaz de ler o teu brilho
E dançar contigo melodias líquidas
Tens a cor do amor quando falas
O teu olhar de avelã é como sonho
Se interrompes a respiração o mundo pára
Sente-se a espuma do mar
E a alegria ofegante do vento a arejar as marés

José Gomes Ferreira

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publicado às 23:05

São Valentim

por José, em 13.02.23

Meu querido São Valentim
Que tanto ajudas nos negócios
Ajuda-me também a mim
Lembra-te que amantes não são sócios

Padroeiro dos românticos e do amor
Junta a paz aos fragmentos
Não te armes em galã conquistador
Lembra do valor dos sentimentos

São Valentim que celebras a paixão
Motiva-me com certezas
Deixa no peito o bater do coração
Não te lances em avarezas

José Gomes Ferreira

 

*celebra-se amanhã

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publicado às 13:41

Anjos suspensos

por José, em 12.02.23

Os sobreviventes respondeu entre paredes caídas
O entulho afaga os anjos perdidos
Almas que o céu acolhe e os deuses abandoram
A espera pelo resgaste revela o desespero até ao fim
Escuta-se o silêncio para ouvir gritos de socorro
Não tem análise que justifique nada
As lágrimas não se soltam dos rostos inertes
Salvam-se alguns protegidos pelo destino
A sorte dos órfãos é deixada ao acaso
A prioridade é o salvamento e os meios
Abandonam-se bairros inteiros à espera de atenção
Prédios verticais são agora cemitérios
Morros que o sofrimento transforma em jardins

José Gomes Ferreira

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publicado às 21:03

Miragens

por José, em 12.02.23

Dizem-me coisas bonitas no aconchego
Também me questionam sobre o curso da vida
Tem quem se deixe guiar pela visibilidade das palavras
E pela teia de diálogos especulativos
Não sirvo para ser guiado pela simbiose do espectáculo
O meu objectivo não é actualizar o status
Nem dar certezas alheias sobre futuros passos
É transformar expectativas em realidade
E deixar que a paz e afecto cheguem ao coração

José Gomes Ferreira

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publicado às 15:55

Gostos alternados

por José, em 12.02.23

Gosto de almas serenas
E de mentes abertas
Só não gosto de certas cenas
E de pessoas chicas espertas

Gosto do amor intenso
E do calor da paixão
Amar não é criticar o que penso
É partilhar com o coração

Gosto de amizades verdadeiras
E do encanto dos olhos
Detesto o excesso de asneiras
E os espasmos dos trambolhos

José Gomes Ferreira

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publicado às 11:00

Êxodo

por José, em 10.02.23

O país mostra-se conformado
Imobilizado na estrutura e convergência
As expectativas diluem-se com as gotas de orvalho
Para o litoral segue uma maré de gente
Vão ver o mar e escolhem novas cidades
Para o estrangeiro segue a esperança de uma vida melhor
Os portugueses esvaziam as aldeias
Deixam o coração para trás sem hesitar
Os tempos mudaram, a ambição é legítima
Dizem que é por falta de iniciativa
Culpam a classe política e o esquecimento
O confinamento é obra de uma epidemia sistémica
Escapam os velhos à reclusão da partida
Não escapam ao lento abandono dos lugares
Interior e desenvolvimento tornam-se sinónimo de atraso
Salvam-se as narrativas da ancestralidade e qualidade de vida
A felicidade tenta aceitar o que faz bem ao coração
Outros atributos geram o impulso da partida

José Gomes Ferreira

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publicado às 14:19

Voz sonora

por José, em 10.02.23

Tem pensamento que corrói
E inquietação que escapa
Ferida que ainda dói
E protecção sem capa

Tem noites às claras
Na escuridão de aremesso
Imagens soltas das amarras
Sonhos desenhados em gesso

No engolir da voz sonora
Tem o reboliço da consciência
Movimentos sem hora
Silêncios a testar a paciência

José Gomes Ferreira

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publicado às 09:51

Dúvidas

por José, em 09.02.23

Não sei o que é a escolha
Se não fico com a decisão
Se és tu que avanças
E não resta mais o que fazer

Não sei como reagir se partes
E deixas os lugares vazios
Com o coração apanhado de surpresa
Sem saber se pára ou repete

Não sei como chegámos aqui
Que palavras ficaram por dizer
A felicidade parecia tão certa
Que o amor era um voto para sempre

Sei que ficarei sem reacção
No sorriso que deixaste ficar
E a paixão se vai manter
Só tu não prometes voltar

Sei que terminaram os nossos dias
A luz agora é somente um feixe à janela
O sonho de quem não consegue adormecer
As flores no aroma sobre a mesa

José Gomes Ferreira

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publicado às 23:07

Salva

por José, em 09.02.23

Gosto de gente que diz bom dia de peito cheio
Escutar bom dia entre os dentes é engasgo
Gosto de gente que levanta a cabeça e salva
Enrolar o olhar é escolher a exclusão
Gosto de gente que aperta a mão no reencontro
Não ter palavras e gestos não nos aproxima

José Gomes Ferreira

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publicado às 13:39

Esquecimento

por José, em 09.02.23

Esquecemos a pandemia
Mas ficamos mais esquivos
Escaldados das distâncias
E do protelar dos abraços
Reagimos com medo da economia
Temos também receio das relações
Ficámos com tiques de egocêntricos
Líderes em território alheio
Precisamos de memória e reciprocidade
Esquecemos o planeta e a rotação
O umbigo parece ter inchado
Talvez tenha superado o ego
E escolhido a conveniência

José Gomes Ferreira

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publicado às 13:17

Terramoto

por José, em 07.02.23

O céu não estará disponível para todos
Os deuses não justificam tantas alegorias
Nem os joelhos cinzelados de promessas pagas
A terra desfez-se em pó em segundos
Os escombros ainda escondem vida
Alguns sorrisos ficam descritos no resgaste
O cimento sucumbiu e deixou o mundo em lágrimas
Recém nascidos filhos de recém morridos
Multiplicam-se histórias de sobrevivência
E o drama de famílias retalhadas
Toda a ajuda é pouca para proceder a salvamentos
O auxílio já não chega a quem partiu
A destruição é também de famílias e do futuro
A Humanidade une-se na tragédia errática
Existe sempre esperança na compaixão da perda

José Gomes Ferreira

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publicado às 20:48

Segredos

por José, em 07.02.23

O segredo da paz é a justiça
E a aceitação entre pares
O segredo do amor é a confiança
E a vontade no gosto da caminhada

O segredo da liberdade é o respeito
E o abraço transparente sobre as ideias
O segredo da amizade é a longevidade dos afectos
E a calmaria sobre o espectro das diferenças

O segredo da vida é a esperança
E a entrega sublime à reciprocidade
O segredo da felicidade são os laços
E não entrar na tentação da intrusão

José Gomes Ferreira

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publicado às 14:00

Representações

por José, em 07.02.23

Ainda agora aqui cheguei e já o mundo fica à espera
Os ombros encolhem de frio
Os telhados enchem-se de melros e do semblante fictício dos avanços
Não tem indecisão nas cantareiras
Ardem as cavacas no aperto
E o futuro é um amontoado de palavras
Carrego o computador de um lado para o outro
Pensam que estou de férias ou que nada faço
Tem quem acredite que o trabalho de verdade é braçal
E é lazer o que movimenta a ordem do pensamento
Respondo com um sorriso elegante
Expresso alegria e subtileza na intenção
Deixo essas histórias fora do meu percurso
Interessam apenas os passos nas fronteiras
Para que a inércia não castigue a posteridade

José Gomes Ferreira

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publicado às 10:11

Micro-cosmos

por José, em 06.02.23

Tem no povo mulheres novidadeiras
Querem muito saber da vida alheia
Confundem felicidade com bebedeiras
E o Sol posto com a Lua cheia

Tem também homens mirones
Sabem tudo o que se passa na aldeia
Os seus lábios são como microfones
Os olhos têm a paz de quem incendeia

Tem quem pergunte de onde venho
Para julgar qual o meu destino
Pensam saber o que não tenho
Acham que inconformismo é desatino

A vida no campo é recatada
Mas está longe de perfeita
Tem quem dê a sua sapatada
E julga ter condições para ser eleita

José Gomes Ferreira

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publicado às 14:28



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